2008 PORQUÊ DÚ GANHOU E NEVOEIRO PERDEU

Leitura obrigatória e uma verdadeira aula para todos os candidatos a prefeito ou vereador, estudantes de comunicação, e para todos aqueles que querem entender como funciona os bastidores de uma campanha. Um “case” de Marketing Político onde se evidencia a utilização de pesquisas de opinião pública para a indução subliminar das Massas, e a participação dos meios de comunicação nesse processo.

 

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ELEIÇÕES 2008 EM RIO CLARO, SÃO PAULO:

 

PORQUÊ DÚ GANHOU E NEVOEIRO PERDEU

 

Jenyberto Pizzotti

 

 

O Início em Agosto

 

Com o objetivo de oferecer meus conhecimentos, experiência e serviços na área de Marketing Político, área na qual sou pioneiro no Brasil (desde 1976), iniciei contatos com os candidatos à Prefeito da cidade de Rio Claro, São Paulo, no início de agosto de 2008.

 

Desistir antes da luta

 

Meu primeiro contato pessoal foi com o candidato João Walter, médico de profissão. Fui recebido com muita gentileza e simpatia. O Dr. João é um gentleman. Expus ao João a possibilidade de minha participação em sua campanha política, e ele me ouviu com muita atenção. Em seguida, eu o ouvi com muita atenção.

 

O Dr. João demonstrou ser um homem inteligente, extremamente educado, idealista. Por outro lado, demonstrou naquele momento da campanha estar absoluta e totalmente sem fé na possibilidade de sua vitória nas urnas em 5 de outubro.

 

Coloquei meus serviços à sua disposição, e combinamos que eu aguardaria alguns dias para a resposta de minha participação ou não em sua campanha. O Dr. João nunca mais entrou em contato comigo. Cometeu seu primeiro erro de avaliação na campanha. O segundo erro, como veremos mais adiante, seria fatal.

 

A impossível polarização de votos

 

Nessa ocasião, com base em pesquisas pessoais e estudos realizados, tornou-se evidente para mim, que o resultado das eleições 2008 em Rio Claro já estava praticamente definido.

 

O eleitorado de Nevoeiro Junior, prefeito de Rio Claro e candidato a reeleição, sempre girou em torno de 35% do universo de eleitores. Os outros dois candidatos, João Walter, médico, e Dú Altimari, comerciante de bebidas, eram inexpressivos politicamente, e estavam iniciando a campanha com algo em torno de 5% da intenção de votos cada um.

 

A denominada “oposição ao Nevoeiro” nasceu (e permaneceu) dividida até o final da campanha. Tornou-se claro e evidente, que apenas a polarização das eleições, ou seja, o confronto direto e a escolha entre apenas dois candidatos, poderia ameaçar a vitória de Nevoeiro nas urnas. Era óbvio para mim, naquele momento, que se não houvesse polarização de votos, Nevoeiro seria reeleito e seria o próximo prefeito de Rio Claro.

 

O contato com Nevoeiro Junior

 

Por volta do dia 20 de agosto, Nevoeiro entrou em contato comigo. No início do mês eu o havia procurado, mas não houve nenhum interesse e retorno por parte dele. Agora, no entanto, ele abria a oportunidade de um diálogo, e me perguntou o que eu poderia propor para sua campanha.

 

Nesse breve diálogo, eu disse ao Nevoeiro que sabia que sua campanha estava bem assessorada por agência de publicidade, e que sua vitória era praticamente certa, mas que algo me dizia que as eleições de 2008 em Rio Claro poderiam repetir o mesmo fenômeno das eleições de 1976, quando ele foi eleito prefeito pela primeira vez e vencedor. Desta vez, porém, o fenômeno poderia se repetir, mas com ele como derrotado. O tempo mostrou que eu estava absolutamente certo.

 

As eleições de 1976 em Rio Claro

 

Nevoeiro sabia exatamente o que eu estava dizendo. Em 1976, há 40 anos, fui o coordenador de sua campanha de propaganda política. Na época eu trabalhava como escrivão de polícia na Delegacia de Polícia local, no Setor de Cartas Precatórias. Era também Editor do jornal “Domingo Especial”, o único jornal em off-set de Rio Claro. E já realizava algumas atividades na área da publicidade, propaganda e pesquisas de opinião. A convite e pedido do então vereador Nevoeiro Junior, do Presidente da Câmara Municipal, Dr. Waldemar Karan, e do Dr. Manoel Silva, assumi a coordenação da campanha de propaganda política de Nevoeiro que pretendia sair como candidato a prefeito. Deixei meu emprego como funcionário público e outras atividades profissionais, para assumir uma missão impossível na época: eleger Nevoeiro Junior prefeito. Era 1976 e eu estava com 24 anos.

 

Coordenei uma equipe de 5 sub-coordenadores e de 30 pesquisadoras-divulgadoras. Pela primeira vez no Brasil, de forma inédita e pioneira, técnicas de pesquisa de opinião pública e marketing foram utilizadas para o Planejamento Estratégico de uma campanha política. Utilizamos todos os meios disponíveis na época para a divulgação do candidato. Folhetos, brindes, visitas pessoais, carros de som, jornais, rádios, até mesmo aviões com faixas, usamos tudo que era permitido pela Lei Eleitoral da época.

 

Mas, o trabalho de maior profundidade e eficiência vinha das pesquisas de opinião e contato direto com a população nos bairros da cidade.Todos os dias, 30 pesquisadoras visitavam bairros e residências da cidade, realizando pesquisas de opinião sobre os problemas do bairro, anseios e necessidades da população. Realizávamos aproximadamente 1.500 entrevistas e visitas por dia. No final de cada entrevista, era então apresentado para os entrevistados um novo, e até então desconhecido candidato: Nevoeiro Junior.

 

A diferença de votos entre Nevoeiro e seu adversário mais próximo (Dr. Álvaro Perin, ex prefeito, excelente cidadão, homem honrado e hábil político) no resultado final das eleições de 1976, foi de aproximadamente 760 votos. Caso minha equipe tivesse parado um único dia de trabalho, Nevoeiro não teria sido eleito. A dedicação total, entusiasmo e profissionalismo da equipe sob meu comando,  com certeza, fez a diferença e garantiu a vitória de Nevoeiro Junior.

 

A vitória eleitoral em Rio Claro, naquele distante ano de 1976 já estava mais que certa: pertencia ao candidato Álvaro Perin, advogado, político íntegro e honesto, excelente administrador, mas que – como Nevoeiro em 2008 – cometeu o erro fatal de confiar numa assessoria desconectada com novas realidades e com as mudanças sócio-culturais e políticas que estavam ocorrendo na cidade.

 

Em 1976, época da “Ditadura Militar”, 3 candidatos disputavam às eleições em Rio Claro. Eram eles: Dr. Álvaro Perin (representando o “tradicional”) através da chapa “Arena 1”; Dr. Rui Fina (representando uma “oposição ideológica”) através da chapa “MDB”; e finalmente Dr. Dermeval da Fonseca Nevoeiro Junior, na época, o vereador mais jovem eleito em Rio Claro (representando uma “oposição jovem mas politicamente correta”) através da chapa “Arena 2”.

 

Nossa equipe de Pesquisa de Opinião e Propaganda (que anos depois começou a ser denominado como Marketing Político, pois esse termo não existia em 1976) colocava diariamente nas mãos do candidato através de relatórios, exatamente o que a população (os eleitores) necessitavam, ansiavam e desejavam, e Nevoeiro soube, com sua inteligência e carisma, dizer exatamente o que queriam ouvir. Foi assim que Nevoeiro foi eleito pela primeira vez. Nevoeiro Junior em seu primeiro mandato, desenvolveu um belíssimo trabalho, modernizando e industrializando a cidade, cuidando da Cultura, agradando e conquistando o eleitorado tradicional da cidade, mas sobretudo, desenvolvendo inúmeras atividades, benefícios e oportunidades para os jovens que o elegeram.

 

Após o término das eleições, eu acreditava que Nevoeiro iria dar continuidade em sua proposta de manter o contato permanente com a população, e que iria utilizar os meus serviços e experiência, afinal eu havia deixado meus empregos e atividades profissionais para dedicar-me integralmente aos projetos de Nevoeiro Junior, mas ele simplesmente me esqueceu, e não pude dar continuidade naquilo que eu havia ajudado a criar, e que, eu acreditava, seria bom para Rio Claro. Fui excluído desse processo e senti, como um artista escultor, sua obra interrompida antes da conclusão. São coisas dos políticos. C’est la Vie ! Esqueci o caso e segui minha vida.

 

As eleições de 2008 iria repetir a de 1976 ?

 

Interessante observar que a campanha política do Dr. Perin foi toda desenvolvida nos moldes tradicionais da época (1976), e totalmente desconectada da juventude de Rio Claro (o mesmo erro foi cometido por Nevoeiro Junior em 2008).

 

Em 1976 Nevoeiro Junior foi eleito por um eleitorado jovem, até então desprezado e emergente, que decidiu as eleições praticamente no dia da votação (exatamente o que aconteceu na eleição de Dú Altimari, 33 anos depois).

 

Juventude esquecida

 

Um dos fatores determinantes – em minha opinião foram três – para a derrota de Nevoeiro Junior em 2008, foi ter esquecido os jovens (faixa etária de 16 a 35 anos). O eleitorado que lhe foi sempre fiel (os jovens de 1976) envelheceram, e Nevoeiro não se deu conta disso.

 

A arrogância e soberba que se desenvolve com o exercício do “poder”, acredito lhe embotaram a mente brilhante, e lhe conferiram o que ele mais criticava nas pessoas em 1976: a falta de sensibilidade, ou como ele gostava de dizer: que algumas pessoas tinham “a sensibilidade de um rinoceronte”.

 

Em 2008 Nevoeiro (assim como os demais candidatos, e pior: a população de Rio Claro) foi induzido, tanto pela mídia (através de pesquisas de opinião erradas), como por uma assessoria mercadológica (marketing político e publicitário) soberba, amadora e estrábica, a realizar uma campanha com moldes elitistas, de alto custo financeiro, totalmente desprovida de sensibilidade e “felling”, fechada numa “torre de marfim” e, óbvio, fadada ao fracasso.

 

Minha reunião com Ivan Hussni

 

Dando continuidade nesse relato histórico sobre as Eleições 2008 em Rio Claro, após o contato que Nevoeiro fez via celular, fui encaminhado ao Coordenador Geral de sua campanha política: Ivan Hussni.

 

Foi com enorme prazer e alegria que encontrei o Ivan. Recordamos seu saudoso pai Niazi Hussni, pessoa maravilhosa, honesta, cidadão rioclarense exemplar, que soube deixar saudades em todos aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo, e que, com certeza, deixou em seus filhos a maior das heranças: a integridade moral.

 

Na década de 70 prestei alguns serviços publicitários para o “seu Niazi”, através de minha agência, a “Nautilus Publicidade”, uma das primeiras agências de publicidade e marketing do interior paulista.

 

Era 25 de agosto de 2008, e eu estava ali com Ivan, tentando participar da campanha de Nevoeiro Junior. Após 33 anos a história estava aparentemente se repetindo. Mas como diria o velho Marx: “a história se repete apenas como farsa”. E não deu outra.

 

Ofereci ao querido amigo Ivan algumas ideias, como por exemplo, a coordenação de marketing de todos os vereadores da coligação (eram aproximadamente 150 candidatos); realizar pesquisas independentes de opinião pública e de “tracking” (ajustes) durante as apresentações de Nevoeiro na TV e Rádio; assessoria no Planejamento Estratégico da campanha e outras atividades.

 

Ivan me ouviu com a máxima atenção, como meu amigo foi extremamente atencioso, mas no final da reunião, apesar de todas as possibilidades que ofereci, fui sumariamente descartado.

 

Ivan explicou que a campanha de Nevoeiro já estava bem assessorada por uma agência publicitária de outra cidade, e que minha entrada na equipe, e participação na campanha poderia “melindrar” a equipe em questão.

 

Ganhando as eleições sem saber como

 

Assim, sem o saber, apoiado nas falhas e erros de avaliação, sensibilidade, inteligência dos assessores dos outros candidatos, Dú Altimari, sem fazer nenhum esforço, sem nenhum mérito, e sem saber como, começava sua escalada usando os degraus de seus adversários, escalada de erros, enganos e mentiras que o conduziria a cadeira que ora está sentado, sem mesmo saber o porque e como.

 

As pesquisas de opinião e as “Verdades Absolutas”

 

Durante o mês de agosto, observei, analisei e conclui que algo gravíssimo estava ocorrendo no processo eleitoral de Rio Claro, algo que, por falta de competência e conhecimento na área, o próprio Poder Judiciário, através do Juizado Eleitoral não percebia: erros na metodologia das pesquisas apresentadas pelo Instituto Toledo & Associados e Jornal “Cidade de Rio Claro”, estavam induzindo, de forma equivocada, o raciocínio dos eleitores de Rio Claro a aceitarem erros como verdades absolutas, formando tendências que não correspondiam a verdade dos fatos, induzindo o eleitorado a erros que feriam sua liberdade de pensamento e escolha, ou resumindo: “viciando as eleições”.

 

Sob as “barbas” do Poder Judiciário, as pesquisas apresentadas pelo Instituto Toledo & Associados / Jornal Cidade induziram os eleitores de Rio Claro a acreditarem em duas informações falsas: a de que a maioria do eleitorado rioclarense era formado por pessoas idosas (média 47 anos), e de que Nevoeiro Junior estava obtendo aproximadamente 47% (quarenta e sete por cento) na intenção de votos (Nevoeiro jamais ultrapassou 35% na intenção de votos).

 

Essas informações deturpadas (publicadas nos dias 9, 10, 12, 16, 27, 30 de agosto e 6 de setembro), e que não correspondiam a realidade, foram divulgadas de forma massiva pelo jornal “Cidade de Rio Claro” como “verdade absoluta”. A credibilidade, seriedade e profissionalismo do jornal sedimentou uma informação errada no raciocínio e discernimento dos eleitores, e isso foi desastroso para o processo político eleitoral rioclarense.

 

Na ocasião, final de agosto e início de setembro, minhas observações referentes ao que estava ocorrendo foram passadas – via carta – ao Ivan e Nevoeiro no dia 4 de setembro, e a Diretora Administrativa do jornal “Cidade de Rio Claro” no dia 9 de setembro, com muito respeito e como um alerta.

 

Minhas análises e conclusões que devem ser lidas com muita atenção para que tenhamos uma compreensão exata da realidade dos fatos e da manipulação – consciente ou inconsciente – da mente e da vontade dos eleitores, foram todas inseridas no artigo “Pesquisas, ora Bolas !”, cujo texto, na íntegra, é o seguinte:

 

PESQUISAS, ORA BOLAS !

JENYBERTO PIZZOTTI

(escrito em 4 de setembro de 2008)

 

A pesquisa política realizada pela empresa Toledo & Associados nos dias 1,2 e 3 de agosto em Rio Claro, e divulgada pelo jornal Cidade de Rio Claro, tem erros na metodologia aplicada, e seus resultados induzem, de forma equivocada, o raciocino dos eleitores de Rio Claro, assim como, até mesmo, os estrategistas das campanhas, a aceitarem erros, como verdades absolutas.

 

São incorretas as afirmações do responsável pela empresa Toledo & Associados, Francisco José de Toledo, e do professor Odeibler Guidugli (da UNESP), publicadas no suplemento do jornal Cidade de Rio Claro em 30.08.2008, pág 7, que induzem o leitor a raciocinar que a maioria do eleitorado de Rio Claro é formado por pessoas idosas. Isso não corresponde a verdade.

 

A pesquisa entrevistou 45% de pessoas com mais de 50 anos, formando, à partir daí, um erro na amostragem, pois o eleitorado rioclarense não é formado por 45% de pessoas com mais de 50 anos. Esse erro provocou uma tendência, e isso não pode ser feito em pesquisas sérias, que se propõe apenas a informar de forma séria e científica. Quando os resultados de uma pesquisa são manipulados, suas informações transformam-se em instrumento de propaganda política, ou traduzindo: de manipulação e domínio das massas, ou da  consciência e raciocino das pessoas.

 

De acordo com as estatísticas oficiais do TRE de São Paulo, sobre o município de Rio Claro, dados esses referentes a julho de 2008, do Cadastro de Eleitores sobre a “Quantidade de Eleitores por Sexo e Faixa Etária”, disponível a qualquer pessoa, através do site www.tre-sp.jus.br/estat/fxetaria.jsp (bastando utilizar uma calculadora) o quadro resumido é esse:

 

De 16 a 34 anos          52.242 eleitores          39.9%

De 34 a 59 anos          56.335 eleitores          43.2%

Acima de 60 anos        22.097 eleitores          16.9%

 

Assim, na realidade, o eleitorado de Rio Claro é formado, principalmente, por ‘jovens”(39.9%), e por eleitores de “meia idade” (43.2%), cabendo aos eleitores “idosos” (acima de 60 anos) 16.9% do eleitorado.

 

A pesquisa realizada entrevistou mais homens (50.1%) do que mulheres (49.9%), sendo que o eleitorado rioclarense é formado mais por mulheres (52.1%), do que por homens (47.9%).

 

A pesquisa entrevistou mais pessoas com renda familiar acima de 3 salários (75% dos entrevistados) e apenas 25% de pessoas com renda familiar abaixo de 3 salários. Essa não é a realidade sócio-econômica do eleitorado e da população de Rio Claro.

 

A pesquisa também realizou uma setorização aleatória, equivocada, e absurda, com resultados inúteis a qualquer estrategista de marketing político, ou pesquisador social.

 

Os resultados dessa “setorização” não expressam de forma nenhuma as características ou perfil sócio-econômico de uma determinada região ou setor da cidade de Rio Claro.

 

Por exemplo: No “setor 1” se agrupa os bairros Cidade Jardim com o Jardim Brasília, bairros esses com características totalmente distintas até para uma criança da pré-escola. No “setor 2” se agrupa o Cidade Claret com o Jardim Novo. No “setor” 3 o Jardim das Palmeiras com o Jardim São Paulo. No “setor 4” o Jardim Progresso com o Santa Cruz. No “setor 5” o Bela Vista com o Mãe Preta.

 

Não acredito que, qualquer um dos estrategistas de marketing político dos candidatos, se é que eles dispõe de estrategistas, tenha realizado qualquer tipo de ação que tenha influenciado os resultados da pesquisa antes, durante ou após a execução da mesma. Os resultados apresentados prejudicou o trabalho desses profissionais, pois desviou o foco e target (alvo) das campanhas.

 

Os resultados apresentados, se utilizados pelos estrategistas das campanhas em curso, provocam erros nas avaliações, nos rumos, nos focos e objetivos a serem atingidos.

 

Também não acredito que a empresa de pesquisa tenha realizado a mesma com pré formatação de tendências para obter determinados resultados, e muito menos o jornal Cidade de Rio Claro, ambos, a empresa de pesquisa e o jornal citado, são empresas sérias, dirigidas por pessoas sérias e honestas, tenho a mais absoluta convicção disso.

 

A realidade é que os profissionais que realizaram a pesquisa erraram na formação da estrutura da amostragem do universo pesquisado, ou seja, do eleitorado rioclarense, parecem não conhecer Rio Claro e serem um pouco primários na manipulação de dados e informações, provocando os erros apresentados.

 

Os resultados da pesquisa, não estão errados. Estão corretos. Mas apenas expressam o que pensou uma amostra formada por uma maioria de 45% de eleitores com idade acima de 50 anos em determinado momento (dias 1, 2 e 3 de agosto), apenas isso e nada mais.

 

Mas ao publicar a pesquisa num jornal que tem a credibilidade a toda prova, esse resultado, e os comentários e reportagens que se seguiram, induziram os leitores e eleitores, a aceitarem a informação como VERDADE ABSOLUTA, e não existem “verdade absolutas”, a única Verdade Absoluta, é Deus, o Grande Arquiteto do Universo, que tudo sabe e tudo vê.

 

Autorizo a publicação, desde que seja publicado

na íntegra e mencionado o autor e a fonte

 

Jenyberto Pizzotti

 

A evolução dos índices

 

Nos início das eleições em Rio Claro (agosto de 2008), com base em meus estudos e pesquisas, Nevoeiro Junior apresentava aproximadamente 35% na preferência do eleitorado. Os candidatos João Walter e Dú Altimari aproximadamente 5% e 4% respectivamente. Aproximadamente 30% do eleitorado estava indeciso.

 

Os resultados das “respostas espontâneas” apresentadas nas pesquisas de opinião dos Institutos Toledo & Associados E IBOPE estavam muito perto dessa realidade, mas a mídia (jornais) preferiam apresentar os resultados das “respostas induzidas’ com as distorções absurdas já mencionadas.

 

Início do horário eleitoral gratuito

 

Com o início do horário eleitoral gratuito na TV e Rádios no dia 18 de agosto, e com a péssima forma de apresentação de Nevoeiro Junior na televisão, João Walter atingiu aproximadamente 14% da preferência dos eleitores e Dú Altimari 12% na intenção de votos. Nevoeiro caiu para aproximadamente 30% conservando seu fiel eleitorado nesse patamar até o final da campanha.

 

Nevoeiro Junior na Televisão

 

As aparições de Nevoeiro Junior na televisão foram desastrosas. Sua equipe publicitária era desconectada com a realidade das ruas. Parecia desconhecer completamente o que pensava e sentia o povo e isso, para alguém que governa uma cidade, um estado ou um país é fatal; para quem pretende ganhar uma eleição, é patético. A assessoria de Nevoeiro parecia não dispor de dados e informações confiáveis para realizar o planejamento estratégico da campanha (talvez algo inexistente em sua campanha, apesar das aparências). O candidato aparecia na TV como um governante arrogante, numa linguagem distanciada do povo, apresentando obras realizadas e à serem concluídas, como algo extraordinário, algo dado “de presente” (as vésperas das eleições) à população, como um “favor”.

 

A assessoria de comunicação de Nevoeiro deixou que o candidato até “lembra-se” os eleitores que ele já havia sido processado e preso, e que administrou Rio Claro dentro de uma cela. Não se analisa aqui questões de ordem moral, e do que é “certo” ou “errado”, não é essa a questão aqui. O absurdo é permitir que o candidato exponha (e reforce de forma subjetiva e negativa) fatos desagradáveis aos eleitores. A equipe publicitária de Nevoeiro Junior deveria ter conhecimentos básicos do Processo Decisório de Compra dos Consumidores, pois era o mínimo que se esperava, já que de Marketing Político e Psicologia de Massas demonstraram nada conhecer.

 

A campanha de Nevoeiro foi quase que totalmente focada no eleitorado da “terceira idade”. Uma campanha mal direcionada desde o princípio, pois que fundamentada em pesquisas erradas, divulgadas como “verdades absolutas”. Nevoeiro mergulhou de cabeça na campanha, entregou-se de corpo e alma, dia e noite, lutando por aquilo em que acreditava, e acreditava estar acertando na forma e no conteúdo, mas errava feio.

 

 

Lula, o Bin Laden das Eleições em Rio Claro

 

No dia 11 de setembro de 2001 Bin Laden (seus terroristas), em poucos segundos, destruíram o símbolo do poderio econômico-financeiro do país mais poderoso do mundo. Guardando as devidas proporções, e abusando da ironia, foi também em 11 de setembro (2008) que o presidente Lula, sem o saber, e com uma simples “canetada” mostrada ao vivo em rede nacional (Jornal Nacional da Globo), destruiu a quase certa vitória de Nevoeiro Junior nas urnas.

 

A “bandeira de luta” da campanha de João Walter foi, até o dia 11 de setembro, a denominada “PPP do DAAE”, a tão polêmica Parceria Público Privada entre o governo Nevoeiro Junior e empresa privada. A PPP era duramente combatida pelo candidato João Walter, que vinha conquistando cada vez mais votos e subindo nas pesquisas.

 

O impossível acontece

 

Após a aparição do presidente Lula no Jornal Nacional da Rede Globo assinando a aprovação de verbas governamentais para a PPP do DAAE de Rio Claro, e devido ao fato de estar o presidente, na ocasião, apresentando altos índices de popularidade, a assessoria de João Walter cometeu o erro que foi fatal para sua campanha, e que determinou que o impossível acontecesse: a polarização das eleições em Rio Claro e seu resultado final surpreendente.

 

João abandona à luta

 

O ato de Lula na televisão foi no dia 11 de setembro e no dia seguinte, 12 de setembro, a campanha de João Walter tomou outro rumo. O clipe e abertura do programa de João contra a PPP do DAAE é retirado do ar não sendo mais veiculado. A falta de confiança de João Walter em seus próprios ideais, defendidos perante a população, e a demonstração inequívoca de que a luta contra a PPP era só uma encenação política, ou seja, apenas uma peça publicitária, calou fundo no discernimento e sentimento dos eleitores.

 

A coerência de Dú Altimari

 

O candidato Dú Altimari, que até então, vinha “a reboque” de João Walter, e que também, de forma discreta, criticava a PPP do DAAE, resolve, ou por coerência em seu discurso inicial, ou por pragmatismo de suas lideranças ligadas ao PT, ir contra o “politicamente correto”, ou seja, o “alinhamento” com o “chefe” Lula, e passa a assumir a bandeira abandonada por João Walter.

 

É óbvio, naquele momento (11 de setembro), que Dú Altimari (PMDB) e Olga Salomão (PT), tinham o conhecimento e a absoluta certeza de que, tanto pela Lei (contrato comercial e jurídico firmado) como pela impossibilidade futura de ir contra algo apoiado por Lula, seria impossível (caso Dú e Olga fossem eleitos) romperem a PPP do DAAE. De forma inteligente ousada e pragmática, embora imoral, Dú Altimari e Olga Salomão prometeram ao povo o rompimento da PPP do DAAE caso fossem eleitos. É inegável que Dú e Olga foram coerentes com o discurso que até então vinham mantendo, e essa coragem e determinação conquistou as mentes e corações dos eleitores, principalmente da fatia de indecisos, formada em quase sua totalidade pela juventude rioclarense (faixa etária dos 16 a 35 anos), que se sentia desprezada e abandonada por Nevoeiro Junior.

 

As pesquisas “enterram” Nevoeiro Junior

 

No dia 17 de setembro o jornal “Cidade de Rio Claro” divulga pesquisa do IBOPE/EPTV onde o candidato Nevoeiro aparecia com 37% das intenções de voto, ou seja: uma queda brutal (10 pontos percentuais) em relação as últimas pesquisas publicadas pelo Jornal “Cidade de Rio Claro / Instituto Toledo & Associados

 

Na realidade, Nevoeiro Junior nunca “caiu” nas pesquisas, pois jamais obteve 47% das intenções de votos como amplamente divulgado para os eleitores, através da mídia. Essa foi a grande “armadilha” da campanha de 2008 em Rio Claro.

 

A assessoria publicitária de Dú Altimari imediatamente soube aproveitar a provável correção na metodologia das pesquisas realizadas pelos institutos Toledo e IBOPE (que por sinal, passaram a suprimir os dados absolutos e a só apresentarem os dados em percentuais/porcentagens, impossibilitando a análise correta da pesquisa). Com base nas pesquisas publicadas, Dú Altimari e sua assessoria passaram para os eleitores que Nevoeiro Junior estava “despencando” nas intenções de votos e que a candidatura Dú Altimari e Olga Salomão estava numa escalada inexorável em direção à vitória nas urnas em 5 de outubro.

 

Claudio de Mauro entra em cena

 

No dia 17 de setembro o IBOPE/EPTV divulga pesquisa apresentando a “queda” de Nevoeiro Junior (37%) e a “subida” de Dú Altimari.

 

No dia 18, com base na divulgação das pesquisas Toledo & Associados e IBOPE, Claudio de Mauro (PV), ex-prefeito de Rio Claro e que, até então, apoiava a coligação de João Walter (PSDB), de forma pragmática e jogando como um excelente e frio jogador de xadrez, que vislumbra com antecipação os próximos lances, abandona João Walter e passa a apoiar Dú Altimari e Olga Salomão.

 

Parte do eleitorado ligado a Claudio de Mauro (PV) e, até então, pronto para votar em João Walter, migra para a candidatura de Dú Altimari. Mas, mesmo com o apoio desse novo e importante contingente, a “virada na mesa” e a vitória de Dú Altimari ainda não estava garantida, e ela só seria confirmada com a fatia dos denominados “indecisos”, formada em quase sua totalidade por jovens na faixa etária de 16 a 35 anos, e que decidiriam seu voto no “último minuto do segundo tempo”, praticamente na prorrogação, nos “chutes à pênalti”.

 

Falando com surdos

 

Durante todo esse tempo onde os fatos aqui relatados estavam acontecendo e sendo observados, enviei algumas cartas ao Ivan e Nevoeiro. Cartas onde eu insistia em oferecer meus serviços e onde eu alertava sobre o que estava ocorrendo e o que iria ocorrer, mas eu me dirigia a surdos. Por exemplo, eu escrevia:

 

“…formou-se um quadro preocupante onde já se estabelece com certeza o “voto útil”, ou seja, os votos destinados a João Walter provavelmente migrarão para Dú Altimari, o que coloca em risco, ou mesmo inviabilizará a vitória de Nevoeiro…”

 

“…a campanha do Nevoeiro é focada e pontuada em apresentar uma Rio Claro maravilhosa e sem problemas, sem desemprego (foi dito na TV), e com velhinhos hiper felizes e satisfeitos, uma campanha voltada para uma Rio Claro tradicional e elitizada, voltada para velhos e não para jovens e para o futuro, o mesmo erro cometido pelo adversário de Nevoeiro em 1976 – e que estão repetindo agora…”

 

“…a assessoria da campanha permite que se cometam erros primários e inadmissíveis em termos de propaganda política, como por exemplo, editar e colocar no ar matéria televisiva onde o candidato diz que já foi processado e preso, ou que em Rio Claro não existe desemprego. Mas esse não foi o erro mais grave. O erro principal, o “furo”, a falta de experiência e visão é o seguinte:…”

 

“…o desprezo e descuido em se apresentar idéias e projetos, e fazer o candidato Nevoeiro ligado e preocupado com os eleitores da faixa etária de 16 a 35 anos, ou seja: os jovens, que representam 40.2% do eleitorado rioclarense !!! O foco principal da campanha ainda permanece concentrado na faixa etária de pessoas com mais de 60 anos de idade, que representam 16.8% ! Não está sendo disputado uma campanha para algum clube da Terceira Idade ! Está sendo disputada uma campanha para prefeito de uma cidade formada por quase 50% de jovens…muitos desses jovens com pouca ou nenhuma opção de diversão, emprego, escolas (e em publicidade e propaganda são essas três coisas que essa faixa etária deseja e necessita)…”

 

“…quem vai decidir essas eleições será exatamente a faixa etária de 16 a 35 aos, ou seja: os “jovens”. E essa faixa tem uma tendência a votar no “novo”, no “diferente”, na “oposição”. Essa faixa está decidindo seu voto, e normalmente escolhe o candidato no último momento, e também tem a possibilidade de mudança sempre, apenas seus corações e suas mentes tem que ser conquistados…”

 

“…Nevoeiro deve iniciar pela mídia o questionamento administrativo e ideológico – a disputa agora partiu para questionamentos ideológicos, pois Nevoeiro é apresentado na mídia como representante do “poder estabelecido”, como “não transparente” e “não honesto”…Nevoeiro tem que reagir a acusações e ataques, pois quem cala consente…apresentar tudo que fez por Rio Claro desde 1976 e perguntar o que os outros candidatos fizeram…diferenciar suas idéias ideológicas e administrativas das dos seus adversários…”

 

Ivan e Nevoeiro não me ouviram. O tempo e os acontecimentos demonstraram que eu estava absolutamente certo.

 

Pesquisas reforçam a “queda” de Nevoeiro Junior

 

Em 23 de setembro o jornal “Cidade de Rio Claro” estampa uma manchete em sua primeira página: “Nevoeiro lidera com 17 pontos nova pesquisa JC/TOLEDO”. O jornal se referia a diferença de pontos percentuais entre Nevoeiro Júnior e Dú Altimari, mas de forma e em linguagem subliminar, induziram os leitores/eleitores a reforçarem a idéia de que Nevoeiro apresentava “queda” nas pesquisas. O jornal deveria apresentar a manchete como “Nevoeiro lidera com 39,2%” e não como publicou: “Nevoeiro lidera com 17 pontos”. Dú Altimari na ocasião já despontava na mídia com 18%, portanto, a evidência de provocar confusão, causada intencionalmente ou não, na cabeça do eleitor é óbvia. Se o jornal “Cidade de Rio Claro” usou, de forma intencional, linguagem subliminar para induzir e direcionar os eleitores, não me compete saber ou julgar. Pessoalmente, pela seriedade e profissionalismo de seus diretores e redatores e, provavelmente, pelo desconhecimento das técnicas de comunicação e linguagem subliminar, acredito que não houve ação intencional. Mas, que houve indução subliminar e direcionamento dos eleitores através dessa manchete e de outras publicações, não tenho a menor dúvida.

 

Toledo e Jornal Cidade muito pertos da verdade, mas nem tanto

 

O resultado das “respostas espontâneas” da terceira pesquisa Toledo/Jornal Cidade estava muito próximo da realidade. Nevoeiro aparecia com 29,2%; Dú Altimari com 17,7%; João Walter com 8,5%; e Indecisos com 36,5%. Realmente muito próximo da realidade, mas esse resultado não era apresentado com destaque na mídia.

 

 

O fenômeno Calixto

 

A coisa mais interessante que aconteceu nas eleições 2008 em Rio Claro foi o “fenômeno Calixto”. Esse “case” de marketing, merece com certeza, um livro. Calixto, considerado um personagem folclórico da cidade, foi “criado” politicamente por dois jovens ligados ao PDT da cidade. O PDT, integrante da coligação da candidatura Nevoeiro Junior, lançou o candidato Calixto, que acabou sendo o quinto vereador mais votado, mas que, por uma dessas idiotices político-matemáticas (coeficiente eleitoral) não conseguiu exercer seu mandato apesar de seus mais de 5.000 votos. Calixto, independente das inúmeras análises sócio-culturais-políticas e de análises que poderíamos fazer no campo do marketing, comunicação, linguagem pós-moderna, etc, com certeza, foi um elemento catalisador que despertou e direcionou a “revolta” da juventude rioclarense, que passou a acreditar que, ou através do voto sério, ou através da gozação e do “voto de protesto”, era possível, e até necessário, definir seu voto, tomar posição, pois a hora havia chegado.

 

Calixto mereceu até mesmo um jornalzinho e se transformou numa espécie de herói de HQ (História em Quadrinhos) com sua “Bengala da Justiça”. Infelizmente estamos falando de Rio Claro, cidade que despreza seus profetas e seus talentos. Em outro lugar, outra cidade, rapidamente Calixto se transformaria em “produto cultural” através de revistas, programas na TV, filmes, mas aqui, costuma-se “usar e jogar fora”.

 

Com prós e contras, agradando e desagradando gregos e troianos, Calixto foi a única coisa diferente e criativa que aconteceu nas eleições 2008 em Rio Claro. Calixto foi o “diferente”, o que saiu da mesmice, o resto foi apenas mediocridades, ações que saíram do nada e chegaram a lugar nenhum. Troca de figurinhas e nada mais.

 

A cortina se fecha

 

Em 1 de outubro a divulgação da pesquisa IBOPE/EPTV já anuncia o vencedor: Nevoeiro Junior com 39%; seguido de perto por Dú Altimari com 36%.

 

No dia 4 de outubro, poucas horas antes das eleições (dia 5), o Instituto Toledo & Associados e o jornal Cidade de Rio Claro “confirmam” o IBOPE/EPTV: Nevoeiro Junior é o vencedor das eleições com 39,8%, seguido por Dú Altimari com 34,1%.

 

Na realidade, às vésperas das eleições, Nevoeiro apresentava aproximadamente 30%, Dú Altimari 19%, João Walter 7%, Brancos 3%, Nulos 6%, Já decididos a não votar 15%, e nada menos do que 20% estavam decidindo seu voto, a maioria jovens, àqueles mesmos jovens que Nevoeiro esqueceu e que acabaram decidindo as eleições.

 

 

O Dia D

 

No dia das eleições – 5 de outubro de 2008 – aproximadamente 20% dos indecisos optaram por Dú Altimari. Optaram por aquele candidato que encontravam à noite no Bar “Sujinho’s” próximo do campus da UNESP no Bela Vista, por aquele que demonstrava estar sintonizado com as lutas sociais e ideológicas, por aquele que demonstrava humildade e, ao mesmo tempo, coerência, ousadia e coragem para vencer uma eleição considerada perdida, por aquele que, sem o saber, personificou um jovem de 33 anos atrás, também ousado e corajoso, cheio de esperança e fé, um “Nevoeiro Junior” que foi se distanciando e se perdendo no espaço e no tempo.

 

Alguns jornalistas como o professor Aldo Zotarelli e Sérgio Pitton, em análises e comentários posteriores as eleições, com a sensibilidade, talento e inteligência que possuem, chegaram muito perto do que realmente aconteceu. Apenas não dispunham de todas as informações para “acertarem na mosca”, mas foram extremamente inteligentes e brilhantes em suas análises.

 

Tenho certeza de que o sofrimento de Nevoeiro ao perder uma eleição garantida pelas pesquisas e pela mídia foi imenso. Seu sofrimento não veio da decepção com seus assessores e secretários mais chegados; não veio da sua incompreensão e sentimento de ingratidão pelo que fez para Rio Claro através das obras que realizou; não veio da certeza dos problemas que teria que enfrentar com a mudança de posição política; não veio da amargura de ver seus familiares infelizes com sua derrota política. Seu maior sofrimento veio do sentimento de exclusão daquilo que se tornou sua vida, sua razão de ser, sua história, daquilo que, como um artista escultor com sua obra que não pode ser interrompida antes da conclusão, representava sua maior paixão: Rio Claro.

 

Du Altimari e Olga Salomão foram eleitos em cima dos erros de seus adversários, e principalmente em cima de duas mentiras: que pesquisas representam verdades absolutas e que promessas feitas durante as campanhas podem ser maquiadas e esquecidas e o povo ser tratado como burro. Dú Altimari e Olga Salomão foram eleitos sobretudo com a esperança de “Novos Tempos para Rio Claro”. Conseguiram reunir uma boa equipe capaz de devolver a Rio Claro o que ela perdeu, ora por incompetência, ora pelo predomínio de interesses particulares sobre os do Bem Comum ? Passado todo esse tempo, Dú e Olga cometeram os mesmos erros dos que os antecederam ? O uso transitório e efêmero do poder os tornaram arrogantes e prepotentes ? Se distanciaram da razão única de suas existências políticas: o povo ? O Poder Judiciário, que existe como talvez a última reserva moral desse país: o Ministério Público e seus Promotores, estão atentos e podem coibir ações que manipulem a consciência e a liberdade dos cidadãos ? Os rioclarenses aprenderam algo e sabem o que querem ?

O tempo sempre nos dará as respostas…

Jenyberto Pizzotti

R.G. 8.450.437 SSP/SP

(19) 9 9825 0113   –   email:   jenyberto@yahoo.com.br

 

 

Jenyberto Pizzotti

 

 

O Início em Agosto

 

Com o objetivo de oferecer meus conhecimentos, experiência e serviços na área de Marketing Político, área na qual sou pioneiro no Brasil (desde 1976), iniciei contatos com os candidatos à Prefeito da cidade de Rio Claro, São Paulo, no início de agosto de 2008.

 

Desistir antes da luta

 

Meu primeiro contato pessoal foi com o candidato João Walter, médico de profissão. Fui recebido com muita gentileza e simpatia. O Dr. João é um gentleman. Expus ao João a possibilidade de minha participação em sua campanha política, e ele me ouviu com muita atenção. Em seguida, eu o ouvi com muita atenção.

 

O Dr. João demonstrou ser um homem inteligente, extremamente educado, idealista. Por outro lado, demonstrou naquele momento da campanha estar absoluta e totalmente sem fé na possibilidade de sua vitória nas urnas em 5 de outubro.

 

Coloquei meus serviços à sua disposição, e combinamos que eu aguardaria alguns dias para a resposta de minha participação ou não em sua campanha. O Dr. João nunca mais entrou em contato comigo. Cometeu seu primeiro erro de avaliação na campanha. O segundo erro, como veremos mais adiante, seria fatal.

 

A impossível polarização de votos

 

Nessa ocasião, com base em pesquisas pessoais e estudos realizados, tornou-se evidente para mim, que o resultado das eleições 2008 em Rio Claro já estava praticamente definido.

 

O eleitorado de Nevoeiro Junior, prefeito de Rio Claro e candidato a reeleição, sempre girou em torno de 35% do universo de eleitores. Os outros dois candidatos, João Walter, médico, e Dú Altimari, comerciante de bebidas, eram inexpressivos politicamente, e estavam iniciando a campanha com algo em torno de 5% da intenção de votos cada um.

 

A denominada “oposição ao Nevoeiro” nasceu (e permaneceu) dividida até o final da campanha. Tornou-se claro e evidente, que apenas a polarização das eleições, ou seja, o confronto direto e a escolha entre apenas dois candidatos, poderia ameaçar a vitória de Nevoeiro nas urnas. Era óbvio para mim, naquele momento, que se não houvesse polarização de votos, Nevoeiro seria reeleito e seria o próximo prefeito de Rio Claro.

 

O contato com Nevoeiro Junior

 

Por volta do dia 20 de agosto, Nevoeiro entrou em contato comigo. No início do mês eu o havia procurado, mas não houve nenhum interesse e retorno por parte dele. Agora, no entanto, ele abria a oportunidade de um diálogo, e me perguntou o que eu poderia propor para sua campanha.

 

Nesse breve diálogo, eu disse ao Nevoeiro que sabia que sua campanha estava bem assessorada por agência de publicidade, e que sua vitória era praticamente certa, mas que algo me dizia que as eleições de 2008 em Rio Claro poderiam repetir o mesmo fenômeno das eleições de 1976, quando ele foi eleito prefeito pela primeira vez e vencedor. Desta vez, porém, o fenômeno poderia se repetir, mas com ele como derrotado. O tempo mostrou que eu estava absolutamente certo.

 

As eleições de 1976 em Rio Claro

 

Nevoeiro sabia exatamente o que eu estava dizendo. Em 1976, há 40 anos, fui o coordenador de sua campanha de propaganda política. Na época eu trabalhava como escrivão de polícia na Delegacia de Polícia local, no Setor de Cartas Precatórias. Era também Editor do jornal “Domingo Especial”, o único jornal em off-set de Rio Claro. E já realizava algumas atividades na área da publicidade, propaganda e pesquisas de opinião. A convite e pedido do então vereador Nevoeiro Junior, do Presidente da Câmara Municipal, Dr. Waldemar Karan, e do Dr. Manoel Silva, assumi a coordenação da campanha de propaganda política de Nevoeiro que pretendia sair como candidato a prefeito. Deixei meu emprego como funcionário público e outras atividades profissionais, para assumir uma missão impossível na época: eleger Nevoeiro Junior prefeito. Era 1976 e eu estava com 24 anos.

 

Coordenei uma equipe de 5 sub-coordenadores e de 30 pesquisadoras-divulgadoras. Pela primeira vez no Brasil, de forma inédita e pioneira, técnicas de pesquisa de opinião pública e marketing foram utilizadas para o Planejamento Estratégico de uma campanha política. Utilizamos todos os meios disponíveis na época para a divulgação do candidato. Folhetos, brindes, visitas pessoais, carros de som, jornais, rádios, até mesmo aviões com faixas, usamos tudo que era permitido pela Lei Eleitoral da época.

 

Mas, o trabalho de maior profundidade e eficiência vinha das pesquisas de opinião e contato direto com a população nos bairros da cidade.Todos os dias, 30 pesquisadoras visitavam bairros e residências da cidade, realizando pesquisas de opinião sobre os problemas do bairro, anseios e necessidades da população. Realizávamos aproximadamente 1.500 entrevistas e visitas por dia. No final de cada entrevista, era então apresentado para os entrevistados um novo, e até então desconhecido candidato: Nevoeiro Junior.

 

A diferença de votos entre Nevoeiro e seu adversário mais próximo (Dr. Álvaro Perin, ex prefeito, excelente cidadão, homem honrado e hábil político) no resultado final das eleições de 1976, foi de aproximadamente 760 votos. Caso minha equipe tivesse parado um único dia de trabalho, Nevoeiro não teria sido eleito. A dedicação total, entusiasmo e profissionalismo da equipe sob meu comando,  com certeza, fez a diferença e garantiu a vitória de Nevoeiro Junior.

 

A vitória eleitoral em Rio Claro, naquele distante ano de 1976 já estava mais que certa: pertencia ao candidato Álvaro Perin, advogado, político íntegro e honesto, excelente administrador, mas que – como Nevoeiro em 2008 – cometeu o erro fatal de confiar numa assessoria desconectada com novas realidades e com as mudanças sócio-culturais e políticas que estavam ocorrendo na cidade.

 

Em 1976, época da “Ditadura Militar”, 3 candidatos disputavam às eleições em Rio Claro. Eram eles: Dr. Álvaro Perin (representando o “tradicional”) através da chapa “Arena 1”; Dr. Rui Fina (representando uma “oposição ideológica”) através da chapa “MDB”; e finalmente Dr. Dermeval da Fonseca Nevoeiro Junior, na época, o vereador mais jovem eleito em Rio Claro (representando uma “oposição jovem mas politicamente correta”) através da chapa “Arena 2”.

 

Nossa equipe de Pesquisa de Opinião e Propaganda (que anos depois começou a ser denominado como Marketing Político, pois esse termo não existia em 1976) colocava diariamente nas mãos do candidato através de relatórios, exatamente o que a população (os eleitores) necessitavam, ansiavam e desejavam, e Nevoeiro soube, com sua inteligência e carisma, dizer exatamente o que queriam ouvir. Foi assim que Nevoeiro foi eleito pela primeira vez. Nevoeiro Junior em seu primeiro mandato, desenvolveu um belíssimo trabalho, modernizando e industrializando a cidade, cuidando da Cultura, agradando e conquistando o eleitorado tradicional da cidade, mas sobretudo, desenvolvendo inúmeras atividades, benefícios e oportunidades para os jovens que o elegeram.

 

Após o término das eleições, eu acreditava que Nevoeiro iria dar continuidade em sua proposta de manter o contato permanente com a população, e que iria utilizar os meus serviços e experiência, afinal eu havia deixado meus empregos e atividades profissionais para dedicar-me integralmente aos projetos de Nevoeiro Junior, mas ele simplesmente me esqueceu, e não pude dar continuidade naquilo que eu havia ajudado a criar, e que, eu acreditava, seria bom para Rio Claro. Fui excluído desse processo e senti, como um artista escultor, sua obra interrompida antes da conclusão. São coisas dos políticos. C’est la Vie ! Esqueci o caso e segui minha vida.

 

As eleições de 2008 iria repetir a de 1976 ?

 

Interessante observar que a campanha política do Dr. Perin foi toda desenvolvida nos moldes tradicionais da época (1976), e totalmente desconectada da juventude de Rio Claro (o mesmo erro foi cometido por Nevoeiro Junior em 2008).

 

Em 1976 Nevoeiro Junior foi eleito por um eleitorado jovem, até então desprezado e emergente, que decidiu as eleições praticamente no dia da votação (exatamente o que aconteceu na eleição de Dú Altimari, 33 anos depois).

 

Juventude esquecida

 

Um dos fatores determinantes – em minha opinião foram três – para a derrota de Nevoeiro Junior em 2008, foi ter esquecido os jovens (faixa etária de 16 a 35 anos). O eleitorado que lhe foi sempre fiel (os jovens de 1976) envelheceram, e Nevoeiro não se deu conta disso.

 

A arrogância e soberba que se desenvolve com o exercício do “poder”, acredito lhe embotaram a mente brilhante, e lhe conferiram o que ele mais criticava nas pessoas em 1976: a falta de sensibilidade, ou como ele gostava de dizer: que algumas pessoas tinham “a sensibilidade de um rinoceronte”.

 

Em 2008 Nevoeiro (assim como os demais candidatos, e pior: a população de Rio Claro) foi induzido, tanto pela mídia (através de pesquisas de opinião erradas), como por uma assessoria mercadológica (marketing político e publicitário) soberba, amadora e estrábica, a realizar uma campanha com moldes elitistas, de alto custo financeiro, totalmente desprovida de sensibilidade e “felling”, fechada numa “torre de marfim” e, óbvio, fadada ao fracasso.

 

Minha reunião com Ivan Hussni

 

Dando continuidade nesse relato histórico sobre as Eleições 2008 em Rio Claro, após o contato que Nevoeiro fez via celular, fui encaminhado ao Coordenador Geral de sua campanha política: Ivan Hussni.

 

Foi com enorme prazer e alegria que encontrei o Ivan. Recordamos seu saudoso pai Niazi Hussni, pessoa maravilhosa, honesta, cidadão rioclarense exemplar, que soube deixar saudades em todos aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo, e que, com certeza, deixou em seus filhos a maior das heranças: a integridade moral.

 

Na década de 70 prestei alguns serviços publicitários para o “seu Niazi”, através de minha agência, a “Nautilus Publicidade”, uma das primeiras agências de publicidade e marketing do interior paulista.

 

Era 25 de agosto de 2008, e eu estava ali com Ivan, tentando participar da campanha de Nevoeiro Junior. Após 33 anos a história estava aparentemente se repetindo. Mas como diria o velho Marx: “a história se repete apenas como farsa”. E não deu outra.

 

Ofereci ao querido amigo Ivan algumas ideias, como por exemplo, a coordenação de marketing de todos os vereadores da coligação (eram aproximadamente 150 candidatos); realizar pesquisas independentes de opinião pública e de “tracking” (ajustes) durante as apresentações de Nevoeiro na TV e Rádio; assessoria no Planejamento Estratégico da campanha e outras atividades.

 

Ivan me ouviu com a máxima atenção, como meu amigo foi extremamente atencioso, mas no final da reunião, apesar de todas as possibilidades que ofereci, fui sumariamente descartado.

 

Ivan explicou que a campanha de Nevoeiro já estava bem assessorada por uma agência publicitária de outra cidade, e que minha entrada na equipe, e participação na campanha poderia “melindrar” a equipe em questão.

 

Ganhando as eleições sem saber como

 

Assim, sem o saber, apoiado nas falhas e erros de avaliação, sensibilidade, inteligência dos assessores dos outros candidatos, Dú Altimari, sem fazer nenhum esforço, sem nenhum mérito, e sem saber como, começava sua escalada usando os degraus de seus adversários, escalada de erros, enganos e mentiras que o conduziria a cadeira que ora está sentado, sem mesmo saber o porque e como.

 

As pesquisas de opinião e as “Verdades Absolutas”

 

Durante o mês de agosto, observei, analisei e conclui que algo gravíssimo estava ocorrendo no processo eleitoral de Rio Claro, algo que, por falta de competência e conhecimento na área, o próprio Poder Judiciário, através do Juizado Eleitoral não percebia: erros na metodologia das pesquisas apresentadas pelo Instituto Toledo & Associados e Jornal “Cidade de Rio Claro”, estavam induzindo, de forma equivocada, o raciocínio dos eleitores de Rio Claro a aceitarem erros como verdades absolutas, formando tendências que não correspondiam a verdade dos fatos, induzindo o eleitorado a erros que feriam sua liberdade de pensamento e escolha, ou resumindo: “viciando as eleições”.

 

Sob as “barbas” do Poder Judiciário, as pesquisas apresentadas pelo Instituto Toledo & Associados / Jornal Cidade induziram os eleitores de Rio Claro a acreditarem em duas informações falsas: a de que a maioria do eleitorado rioclarense era formado por pessoas idosas (média 47 anos), e de que Nevoeiro Junior estava obtendo aproximadamente 47% (quarenta e sete por cento) na intenção de votos (Nevoeiro jamais ultrapassou 35% na intenção de votos).

 

Essas informações deturpadas (publicadas nos dias 9, 10, 12, 16, 27, 30 de agosto e 6 de setembro), e que não correspondiam a realidade, foram divulgadas de forma massiva pelo jornal “Cidade de Rio Claro” como “verdade absoluta”. A credibilidade, seriedade e profissionalismo do jornal sedimentou uma informação errada no raciocínio e discernimento dos eleitores, e isso foi desastroso para o processo político eleitoral rioclarense.

 

Na ocasião, final de agosto e início de setembro, minhas observações referentes ao que estava ocorrendo foram passadas – via carta – ao Ivan e Nevoeiro no dia 4 de setembro, e a Diretora Administrativa do jornal “Cidade de Rio Claro” no dia 9 de setembro, com muito respeito e como um alerta.

 

Minhas análises e conclusões que devem ser lidas com muita atenção para que tenhamos uma compreensão exata da realidade dos fatos e da manipulação – consciente ou inconsciente – da mente e da vontade dos eleitores, foram todas inseridas no artigo “Pesquisas, ora Bolas !”, cujo texto, na íntegra, é o seguinte:

 

PESQUISAS, ORA BOLAS !

JENYBERTO PIZZOTTI

(escrito em 4 de setembro de 2008)

 

A pesquisa política realizada pela empresa Toledo & Associados nos dias 1,2 e 3 de agosto em Rio Claro, e divulgada pelo jornal Cidade de Rio Claro, tem erros na metodologia aplicada, e seus resultados induzem, de forma equivocada, o raciocino dos eleitores de Rio Claro, assim como, até mesmo, os estrategistas das campanhas, a aceitarem erros, como verdades absolutas.

 

São incorretas as afirmações do responsável pela empresa Toledo & Associados, Francisco José de Toledo, e do professor Odeibler Guidugli (da UNESP), publicadas no suplemento do jornal Cidade de Rio Claro em 30.08.2008, pág 7, que induzem o leitor a raciocinar que a maioria do eleitorado de Rio Claro é formado por pessoas idosas. Isso não corresponde a verdade.

 

A pesquisa entrevistou 45% de pessoas com mais de 50 anos, formando, à partir daí, um erro na amostragem, pois o eleitorado rioclarense não é formado por 45% de pessoas com mais de 50 anos. Esse erro provocou uma tendência, e isso não pode ser feito em pesquisas sérias, que se propõe apenas a informar de forma séria e científica. Quando os resultados de uma pesquisa são manipulados, suas informações transformam-se em instrumento de propaganda política, ou traduzindo: de manipulação e domínio das massas, ou da  consciência e raciocino das pessoas.

 

De acordo com as estatísticas oficiais do TRE de São Paulo, sobre o município de Rio Claro, dados esses referentes a julho de 2008, do Cadastro de Eleitores sobre a “Quantidade de Eleitores por Sexo e Faixa Etária”, disponível a qualquer pessoa, através do site www.tre-sp.jus.br/estat/fxetaria.jsp (bastando utilizar uma calculadora) o quadro resumido é esse:

 

De 16 a 34 anos          52.242 eleitores          39.9%

De 34 a 59 anos          56.335 eleitores          43.2%

Acima de 60 anos        22.097 eleitores          16.9%

 

Assim, na realidade, o eleitorado de Rio Claro é formado, principalmente, por ‘jovens”(39.9%), e por eleitores de “meia idade” (43.2%), cabendo aos eleitores “idosos” (acima de 60 anos) 16.9% do eleitorado.

 

A pesquisa realizada entrevistou mais homens (50.1%) do que mulheres (49.9%), sendo que o eleitorado rioclarense é formado mais por mulheres (52.1%), do que por homens (47.9%).

 

A pesquisa entrevistou mais pessoas com renda familiar acima de 3 salários (75% dos entrevistados) e apenas 25% de pessoas com renda familiar abaixo de 3 salários. Essa não é a realidade sócio-econômica do eleitorado e da população de Rio Claro.

 

A pesquisa também realizou uma setorização aleatória, equivocada, e absurda, com resultados inúteis a qualquer estrategista de marketing político, ou pesquisador social.

 

Os resultados dessa “setorização” não expressam de forma nenhuma as características ou perfil sócio-econômico de uma determinada região ou setor da cidade de Rio Claro.

 

Por exemplo: No “setor 1” se agrupa os bairros Cidade Jardim com o Jardim Brasília, bairros esses com características totalmente distintas até para uma criança da pré-escola. No “setor 2” se agrupa o Cidade Claret com o Jardim Novo. No “setor” 3 o Jardim das Palmeiras com o Jardim São Paulo. No “setor 4” o Jardim Progresso com o Santa Cruz. No “setor 5” o Bela Vista com o Mãe Preta.

 

Não acredito que, qualquer um dos estrategistas de marketing político dos candidatos, se é que eles dispõe de estrategistas, tenha realizado qualquer tipo de ação que tenha influenciado os resultados da pesquisa antes, durante ou após a execução da mesma. Os resultados apresentados prejudicou o trabalho desses profissionais, pois desviou o foco e target (alvo) das campanhas.

 

Os resultados apresentados, se utilizados pelos estrategistas das campanhas em curso, provocam erros nas avaliações, nos rumos, nos focos e objetivos a serem atingidos.

 

Também não acredito que a empresa de pesquisa tenha realizado a mesma com pré formatação de tendências para obter determinados resultados, e muito menos o jornal Cidade de Rio Claro, ambos, a empresa de pesquisa e o jornal citado, são empresas sérias, dirigidas por pessoas sérias e honestas, tenho a mais absoluta convicção disso.

 

A realidade é que os profissionais que realizaram a pesquisa erraram na formação da estrutura da amostragem do universo pesquisado, ou seja, do eleitorado rioclarense, parecem não conhecer Rio Claro e serem um pouco primários na manipulação de dados e informações, provocando os erros apresentados.

 

Os resultados da pesquisa, não estão errados. Estão corretos. Mas apenas expressam o que pensou uma amostra formada por uma maioria de 45% de eleitores com idade acima de 50 anos em determinado momento (dias 1, 2 e 3 de agosto), apenas isso e nada mais.

 

Mas ao publicar a pesquisa num jornal que tem a credibilidade a toda prova, esse resultado, e os comentários e reportagens que se seguiram, induziram os leitores e eleitores, a aceitarem a informação como VERDADE ABSOLUTA, e não existem “verdade absolutas”, a única Verdade Absoluta, é Deus, o Grande Arquiteto do Universo, que tudo sabe e tudo vê.

 

Autorizo a publicação, desde que seja publicado

na íntegra e mencionado o autor e a fonte

 

Jenyberto Pizzotti

 

A evolução dos índices

 

Nos início das eleições em Rio Claro (agosto de 2008), com base em meus estudos e pesquisas, Nevoeiro Junior apresentava aproximadamente 35% na preferência do eleitorado. Os candidatos João Walter e Dú Altimari aproximadamente 5% e 4% respectivamente. Aproximadamente 30% do eleitorado estava indeciso.

 

Os resultados das “respostas espontâneas” apresentadas nas pesquisas de opinião dos Institutos Toledo & Associados E IBOPE estavam muito perto dessa realidade, mas a mídia (jornais) preferiam apresentar os resultados das “respostas induzidas’ com as distorções absurdas já mencionadas.

 

Início do horário eleitoral gratuito

 

Com o início do horário eleitoral gratuito na TV e Rádios no dia 18 de agosto, e com a péssima forma de apresentação de Nevoeiro Junior na televisão, João Walter atingiu aproximadamente 14% da preferência dos eleitores e Dú Altimari 12% na intenção de votos. Nevoeiro caiu para aproximadamente 30% conservando seu fiel eleitorado nesse patamar até o final da campanha.

 

Nevoeiro Junior na Televisão

 

As aparições de Nevoeiro Junior na televisão foram desastrosas. Sua equipe publicitária era desconectada com a realidade das ruas. Parecia desconhecer completamente o que pensava e sentia o povo e isso, para alguém que governa uma cidade, um estado ou um país é fatal; para quem pretende ganhar uma eleição, é patético. A assessoria de Nevoeiro parecia não dispor de dados e informações confiáveis para realizar o planejamento estratégico da campanha (talvez algo inexistente em sua campanha, apesar das aparências). O candidato aparecia na TV como um governante arrogante, numa linguagem distanciada do povo, apresentando obras realizadas e à serem concluídas, como algo extraordinário, algo dado “de presente” (as vésperas das eleições) à população, como um “favor”.

 

A assessoria de comunicação de Nevoeiro deixou que o candidato até “lembra-se” os eleitores que ele já havia sido processado e preso, e que administrou Rio Claro dentro de uma cela. Não se analisa aqui questões de ordem moral, e do que é “certo” ou “errado”, não é essa a questão aqui. O absurdo é permitir que o candidato exponha (e reforce de forma subjetiva e negativa) fatos desagradáveis aos eleitores. A equipe publicitária de Nevoeiro Junior deveria ter conhecimentos básicos do Processo Decisório de Compra dos Consumidores, pois era o mínimo que se esperava, já que de Marketing Político e Psicologia de Massas demonstraram nada conhecer.

 

A campanha de Nevoeiro foi quase que totalmente focada no eleitorado da “terceira idade”. Uma campanha mal direcionada desde o princípio, pois que fundamentada em pesquisas erradas, divulgadas como “verdades absolutas”. Nevoeiro mergulhou de cabeça na campanha, entregou-se de corpo e alma, dia e noite, lutando por aquilo em que acreditava, e acreditava estar acertando na forma e no conteúdo, mas errava feio.

 

 

Lula, o Bin Laden das Eleições em Rio Claro

 

No dia 11 de setembro de 2001 Bin Laden (seus terroristas), em poucos segundos, destruíram o símbolo do poderio econômico-financeiro do país mais poderoso do mundo. Guardando as devidas proporções, e abusando da ironia, foi também em 11 de setembro (2008) que o presidente Lula, sem o saber, e com uma simples “canetada” mostrada ao vivo em rede nacional (Jornal Nacional da Globo), destruiu a quase certa vitória de Nevoeiro Junior nas urnas.

 

A “bandeira de luta” da campanha de João Walter foi, até o dia 11 de setembro, a denominada “PPP do DAAE”, a tão polêmica Parceria Público Privada entre o governo Nevoeiro Junior e empresa privada. A PPP era duramente combatida pelo candidato João Walter, que vinha conquistando cada vez mais votos e subindo nas pesquisas.

 

O impossível acontece

 

Após a aparição do presidente Lula no Jornal Nacional da Rede Globo assinando a aprovação de verbas governamentais para a PPP do DAAE de Rio Claro, e devido ao fato de estar o presidente, na ocasião, apresentando altos índices de popularidade, a assessoria de João Walter cometeu o erro que foi fatal para sua campanha, e que determinou que o impossível acontecesse: a polarização das eleições em Rio Claro e seu resultado final surpreendente.

 

João abandona à luta

 

O ato de Lula na televisão foi no dia 11 de setembro e no dia seguinte, 12 de setembro, a campanha de João Walter tomou outro rumo. O clipe e abertura do programa de João contra a PPP do DAAE é retirado do ar não sendo mais veiculado. A falta de confiança de João Walter em seus próprios ideais, defendidos perante a população, e a demonstração inequívoca de que a luta contra a PPP era só uma encenação política, ou seja, apenas uma peça publicitária, calou fundo no discernimento e sentimento dos eleitores.

 

A coerência de Dú Altimari

 

O candidato Dú Altimari, que até então, vinha “a reboque” de João Walter, e que também, de forma discreta, criticava a PPP do DAAE, resolve, ou por coerência em seu discurso inicial, ou por pragmatismo de suas lideranças ligadas ao PT, ir contra o “politicamente correto”, ou seja, o “alinhamento” com o “chefe” Lula, e passa a assumir a bandeira abandonada por João Walter.

 

É óbvio, naquele momento (11 de setembro), que Dú Altimari (PMDB) e Olga Salomão (PT), tinham o conhecimento e a absoluta certeza de que, tanto pela Lei (contrato comercial e jurídico firmado) como pela impossibilidade futura de ir contra algo apoiado por Lula, seria impossível (caso Dú e Olga fossem eleitos) romperem a PPP do DAAE. De forma inteligente ousada e pragmática, embora imoral, Dú Altimari e Olga Salomão prometeram ao povo o rompimento da PPP do DAAE caso fossem eleitos. É inegável que Dú e Olga foram coerentes com o discurso que até então vinham mantendo, e essa coragem e determinação conquistou as mentes e corações dos eleitores, principalmente da fatia de indecisos, formada em quase sua totalidade pela juventude rioclarense (faixa etária dos 16 a 35 anos), que se sentia desprezada e abandonada por Nevoeiro Junior.

 

As pesquisas “enterram” Nevoeiro Junior

 

No dia 17 de setembro o jornal “Cidade de Rio Claro” divulga pesquisa do IBOPE/EPTV onde o candidato Nevoeiro aparecia com 37% das intenções de voto, ou seja: uma queda brutal (10 pontos percentuais) em relação as últimas pesquisas publicadas pelo Jornal “Cidade de Rio Claro / Instituto Toledo & Associados

 

Na realidade, Nevoeiro Junior nunca “caiu” nas pesquisas, pois jamais obteve 47% das intenções de votos como amplamente divulgado para os eleitores, através da mídia. Essa foi a grande “armadilha” da campanha de 2008 em Rio Claro.

 

A assessoria publicitária de Dú Altimari imediatamente soube aproveitar a provável correção na metodologia das pesquisas realizadas pelos institutos Toledo e IBOPE (que por sinal, passaram a suprimir os dados absolutos e a só apresentarem os dados em percentuais/porcentagens, impossibilitando a análise correta da pesquisa). Com base nas pesquisas publicadas, Dú Altimari e sua assessoria passaram para os eleitores que Nevoeiro Junior estava “despencando” nas intenções de votos e que a candidatura Dú Altimari e Olga Salomão estava numa escalada inexorável em direção à vitória nas urnas em 5 de outubro.

 

Claudio de Mauro entra em cena

 

No dia 17 de setembro o IBOPE/EPTV divulga pesquisa apresentando a “queda” de Nevoeiro Junior (37%) e a “subida” de Dú Altimari.

 

No dia 18, com base na divulgação das pesquisas Toledo & Associados e IBOPE, Claudio de Mauro (PV), ex-prefeito de Rio Claro e que, até então, apoiava a coligação de João Walter (PSDB), de forma pragmática e jogando como um excelente e frio jogador de xadrez, que vislumbra com antecipação os próximos lances, abandona João Walter e passa a apoiar Dú Altimari e Olga Salomão.

 

Parte do eleitorado ligado a Claudio de Mauro (PV) e, até então, pronto para votar em João Walter, migra para a candidatura de Dú Altimari. Mas, mesmo com o apoio desse novo e importante contingente, a “virada na mesa” e a vitória de Dú Altimari ainda não estava garantida, e ela só seria confirmada com a fatia dos denominados “indecisos”, formada em quase sua totalidade por jovens na faixa etária de 16 a 35 anos, e que decidiriam seu voto no “último minuto do segundo tempo”, praticamente na prorrogação, nos “chutes à pênalti”.

 

Falando com surdos

 

Durante todo esse tempo onde os fatos aqui relatados estavam acontecendo e sendo observados, enviei algumas cartas ao Ivan e Nevoeiro. Cartas onde eu insistia em oferecer meus serviços e onde eu alertava sobre o que estava ocorrendo e o que iria ocorrer, mas eu me dirigia a surdos. Por exemplo, eu escrevia:

 

“…formou-se um quadro preocupante onde já se estabelece com certeza o “voto útil”, ou seja, os votos destinados a João Walter provavelmente migrarão para Dú Altimari, o que coloca em risco, ou mesmo inviabilizará a vitória de Nevoeiro…”

 

“…a campanha do Nevoeiro é focada e pontuada em apresentar uma Rio Claro maravilhosa e sem problemas, sem desemprego (foi dito na TV), e com velhinhos hiper felizes e satisfeitos, uma campanha voltada para uma Rio Claro tradicional e elitizada, voltada para velhos e não para jovens e para o futuro, o mesmo erro cometido pelo adversário de Nevoeiro em 1976 – e que estão repetindo agora…”

 

“…a assessoria da campanha permite que se cometam erros primários e inadmissíveis em termos de propaganda política, como por exemplo, editar e colocar no ar matéria televisiva onde o candidato diz que já foi processado e preso, ou que em Rio Claro não existe desemprego. Mas esse não foi o erro mais grave. O erro principal, o “furo”, a falta de experiência e visão é o seguinte:…”

 

“…o desprezo e descuido em se apresentar idéias e projetos, e fazer o candidato Nevoeiro ligado e preocupado com os eleitores da faixa etária de 16 a 35 anos, ou seja: os jovens, que representam 40.2% do eleitorado rioclarense !!! O foco principal da campanha ainda permanece concentrado na faixa etária de pessoas com mais de 60 anos de idade, que representam 16.8% ! Não está sendo disputado uma campanha para algum clube da Terceira Idade ! Está sendo disputada uma campanha para prefeito de uma cidade formada por quase 50% de jovens…muitos desses jovens com pouca ou nenhuma opção de diversão, emprego, escolas (e em publicidade e propaganda são essas três coisas que essa faixa etária deseja e necessita)…”

 

“…quem vai decidir essas eleições será exatamente a faixa etária de 16 a 35 aos, ou seja: os “jovens”. E essa faixa tem uma tendência a votar no “novo”, no “diferente”, na “oposição”. Essa faixa está decidindo seu voto, e normalmente escolhe o candidato no último momento, e também tem a possibilidade de mudança sempre, apenas seus corações e suas mentes tem que ser conquistados…”

 

“…Nevoeiro deve iniciar pela mídia o questionamento administrativo e ideológico – a disputa agora partiu para questionamentos ideológicos, pois Nevoeiro é apresentado na mídia como representante do “poder estabelecido”, como “não transparente” e “não honesto”…Nevoeiro tem que reagir a acusações e ataques, pois quem cala consente…apresentar tudo que fez por Rio Claro desde 1976 e perguntar o que os outros candidatos fizeram…diferenciar suas idéias ideológicas e administrativas das dos seus adversários…”

 

Ivan e Nevoeiro não me ouviram. O tempo e os acontecimentos demonstraram que eu estava absolutamente certo.

 

Pesquisas reforçam a “queda” de Nevoeiro Junior

 

Em 23 de setembro o jornal “Cidade de Rio Claro” estampa uma manchete em sua primeira página: “Nevoeiro lidera com 17 pontos nova pesquisa JC/TOLEDO”. O jornal se referia a diferença de pontos percentuais entre Nevoeiro Júnior e Dú Altimari, mas de forma e em linguagem subliminar, induziram os leitores/eleitores a reforçarem a idéia de que Nevoeiro apresentava “queda” nas pesquisas. O jornal deveria apresentar a manchete como “Nevoeiro lidera com 39,2%” e não como publicou: “Nevoeiro lidera com 17 pontos”. Dú Altimari na ocasião já despontava na mídia com 18%, portanto, a evidência de provocar confusão, causada intencionalmente ou não, na cabeça do eleitor é óbvia. Se o jornal “Cidade de Rio Claro” usou, de forma intencional, linguagem subliminar para induzir e direcionar os eleitores, não me compete saber ou julgar. Pessoalmente, pela seriedade e profissionalismo de seus diretores e redatores e, provavelmente, pelo desconhecimento das técnicas de comunicação e linguagem subliminar, acredito que não houve ação intencional. Mas, que houve indução subliminar e direcionamento dos eleitores através dessa manchete e de outras publicações, não tenho a menor dúvida.

 

Toledo e Jornal Cidade muito pertos da verdade, mas nem tanto

 

O resultado das “respostas espontâneas” da terceira pesquisa Toledo/Jornal Cidade estava muito próximo da realidade. Nevoeiro aparecia com 29,2%; Dú Altimari com 17,7%; João Walter com 8,5%; e Indecisos com 36,5%. Realmente muito próximo da realidade, mas esse resultado não era apresentado com destaque na mídia.

 

 

O fenômeno Calixto

 

A coisa mais interessante que aconteceu nas eleições 2008 em Rio Claro foi o “fenômeno Calixto”. Esse “case” de marketing, merece com certeza, um livro. Calixto, considerado um personagem folclórico da cidade, foi “criado” politicamente por dois jovens ligados ao PDT da cidade. O PDT, integrante da coligação da candidatura Nevoeiro Junior, lançou o candidato Calixto, que acabou sendo o quinto vereador mais votado, mas que, por uma dessas idiotices político-matemáticas (coeficiente eleitoral) não conseguiu exercer seu mandato apesar de seus mais de 5.000 votos. Calixto, independente das inúmeras análises sócio-culturais-políticas e de análises que poderíamos fazer no campo do marketing, comunicação, linguagem pós-moderna, etc, com certeza, foi um elemento catalisador que despertou e direcionou a “revolta” da juventude rioclarense, que passou a acreditar que, ou através do voto sério, ou através da gozação e do “voto de protesto”, era possível, e até necessário, definir seu voto, tomar posição, pois a hora havia chegado.

 

Calixto mereceu até mesmo um jornalzinho e se transformou numa espécie de herói de HQ (História em Quadrinhos) com sua “Bengala da Justiça”. Infelizmente estamos falando de Rio Claro, cidade que despreza seus profetas e seus talentos. Em outro lugar, outra cidade, rapidamente Calixto se transformaria em “produto cultural” através de revistas, programas na TV, filmes, mas aqui, costuma-se “usar e jogar fora”.

 

Com prós e contras, agradando e desagradando gregos e troianos, Calixto foi a única coisa diferente e criativa que aconteceu nas eleições 2008 em Rio Claro. Calixto foi o “diferente”, o que saiu da mesmice, o resto foi apenas mediocridades, ações que saíram do nada e chegaram a lugar nenhum. Troca de figurinhas e nada mais.

 

A cortina se fecha

 

Em 1 de outubro a divulgação da pesquisa IBOPE/EPTV já anuncia o vencedor: Nevoeiro Junior com 39%; seguido de perto por Dú Altimari com 36%.

 

No dia 4 de outubro, poucas horas antes das eleições (dia 5), o Instituto Toledo & Associados e o jornal Cidade de Rio Claro “confirmam” o IBOPE/EPTV: Nevoeiro Junior é o vencedor das eleições com 39,8%, seguido por Dú Altimari com 34,1%.

 

Na realidade, às vésperas das eleições, Nevoeiro apresentava aproximadamente 30%, Dú Altimari 19%, João Walter 7%, Brancos 3%, Nulos 6%, Já decididos a não votar 15%, e nada menos do que 20% estavam decidindo seu voto, a maioria jovens, àqueles mesmos jovens que Nevoeiro esqueceu e que acabaram decidindo as eleições.

 

 

O Dia D

 

No dia das eleições – 5 de outubro de 2008 – aproximadamente 20% dos indecisos optaram por Dú Altimari. Optaram por aquele candidato que encontravam à noite no Bar “Sujinho’s” próximo do campus da UNESP no Bela Vista, por aquele que demonstrava estar sintonizado com as lutas sociais e ideológicas, por aquele que demonstrava humildade e, ao mesmo tempo, coerência, ousadia e coragem para vencer uma eleição considerada perdida, por aquele que, sem o saber, personificou um jovem de 33 anos atrás, também ousado e corajoso, cheio de esperança e fé, um “Nevoeiro Junior” que foi se distanciando e se perdendo no espaço e no tempo.

 

Alguns jornalistas como o professor Aldo Zotarelli e Sérgio Pitton, em análises e comentários posteriores as eleições, com a sensibilidade, talento e inteligência que possuem, chegaram muito perto do que realmente aconteceu. Apenas não dispunham de todas as informações para “acertarem na mosca”, mas foram extremamente inteligentes e brilhantes em suas análises.

 

Tenho certeza de que o sofrimento de Nevoeiro ao perder uma eleição garantida pelas pesquisas e pela mídia foi imenso. Seu sofrimento não veio da decepção com seus assessores e secretários mais chegados; não veio da sua incompreensão e sentimento de ingratidão pelo que fez para Rio Claro através das obras que realizou; não veio da certeza dos problemas que teria que enfrentar com a mudança de posição política; não veio da amargura de ver seus familiares infelizes com sua derrota política. Seu maior sofrimento veio do sentimento de exclusão daquilo que se tornou sua vida, sua razão de ser, sua história, daquilo que, como um artista escultor com sua obra que não pode ser interrompida antes da conclusão, representava sua maior paixão: Rio Claro.

 

Du Altimari e Olga Salomão foram eleitos em cima dos erros de seus adversários, e principalmente em cima de duas mentiras: que pesquisas representam verdades absolutas e que promessas feitas durante as campanhas podem ser maquiadas e esquecidas e o povo ser tratado como burro. Dú Altimari e Olga Salomão foram eleitos sobretudo com a esperança de “Novos Tempos para Rio Claro”. Conseguiram reunir uma boa equipe capaz de devolver a Rio Claro o que ela perdeu, ora por incompetência, ora pelo predomínio de interesses particulares sobre os do Bem Comum ? Passado todo esse tempo, Dú e Olga cometeram os mesmos erros dos que os antecederam ? O uso transitório e efêmero do poder os tornaram arrogantes e prepotentes ? Se distanciaram da razão única de suas existências políticas: o povo ? O Poder Judiciário, que existe como talvez a última reserva moral desse país: o Ministério Público e seus Promotores, estão atentos e podem coibir ações que manipulem a consciência e a liberdade dos cidadãos ? Os rioclarenses aprenderam algo e sabem o que querem ?

O tempo sempre nos dará as respostas…

Jenyberto Pizzotti

R.G. 8.450.437 SSP/SP

(19) 9 9825 0113   –   email:   jenyberto@yahoo.com.br

 


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