Assalariado leva 19 anos para obter o que super-ricos ganham em um mês

SÃO PAULO – Um trabalhador que vive com um salário-mínimo teria que trabalhar 19 anos para obter o que os considerados super-ricos recebem em apenas um mês. A conclusão é do relatório “A Distância Que Nos Une”, que a organização não governamental Oxfam Brasil divulga nesta segunda-feira, com dados sobre a desigualdade socioeconômica no país. Os dados serão detalhados em entrevista coletiva no início desta tarde de segunda-feira.

 

Relatório apresentado pela divisão mundial da Oxfam, no início deste ano, apontava que as oito pessoas mais ricas do mundo acumulavam riqueza equivalente aos 50% mais pobres do planeta. No Brasil, segundo a Oxfam, a riqueza é ainda mais concentrada: apenas seis pessoas do topo dessa pirâmide têm nas mãos o mesmo que os 50% mais pobres.

 

Os dados divulgados pela Oxfam no início do ano foram criticados por economistas, que contestavam o método adotado pela organização. A riqueza é medida como o patrimônio de um indivíduo, menos suas dívidas. Segundo os críticos do estudo, indivíduos como um estudante graduado por Harvard, que contraiu dívidas para pagar seus estudos e não possui patrimônio, teria uma riqueza negativa e inflaria o número de pobres aferido pelo estudo.

 

A Oxfam rechaça as críticas. Segundo a ONG, embora algumas pessoas que não sejam exatamente pobres sejam enquadradas nesse grupo por terem dívidas líquidas, esse contingente é insignificante do ponto de vista demográfico.

 

Para Kátia Maia, independentemente da natureza e das consequências do endividamento entre os mais pobres, a situação de extrema concentração de riqueza observada na economia global é uma realidade. E é sobre esse panorama que o estudo divulgado hoje trata.

 

— O momento de lançar o relatório é para chamar a atenção a isso: que a desigualdade no Brasil não é inevitável, pode ser resolvida. Não podemos mais criar cidadãos de primeira e de segunda categoria — diz a coordenadora do estudo.

  

* Estagiário sob coordenação de Ronaldo D’Ercole

Fonte: O Globo


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