Carta aos pais, alunos e familiares sobre a greve dos professores da rede estadual

Carta aos pais, alunos e familiares sobre a greve dos professores da rede estadual:

Professores(as) do estado de São Paulo decretaram, em Assembleia realizada dia 13 de março, greve por tempo indeterminado, até que o governo aceite dialogar e atender as exigências da categoria. Fazemos greve não porque não gostamos de trabalhar. Os professores em greve, mesmo tendo família e contas a pagar, correm o risco de não receber salário no próximo mês porque acreditam que é necessário lutar para que tenhamos, de fato, uma Escola Pública de qualidade. Esta vem sofrendo uma série de ataques do governo estadual, sob o comando do governador Geraldo Alckmin, que tem tornado cada vez mais precária a situação educacional. Isso tem impacto direto e negativo sobre os alunos(as), que frequentam, por exemplo, salas lotadas, sem recursos suficientes para que as aulas sejam desenvolvidas de maneira mais adequada e para que o aprendizado realmente aconteça.

Outros ataques do governo que não vamos aceitar: demissão de mais de 23 mil professores contratados (chamados de temporários ou categoria O), que são mandados para o olho da rua no final de cada ano letivo e são impedidos de pegar aulas por 200 dias corridos, para não criarem “vínculo” empregatício com o Estado e precisam fazer bicos para sustentar a família; corte de verbas para suprimentos básicos, como material de escritório (tal como cartuchos de impressora, papel sulfite e, pasmem, até materiais de limpeza); fechamento de mais de 3.390 salas, ocorrendo ao mesmo tempo lotação das que ficaram e piora das condições de trabalho do professor, que precisará trabalhar em várias escolas para completar sua carga horária.

Queremos respeito, dignidade e equiparação salarial com os demais profissionais com formação de nível superior, como determina o Plano Nacional de Educação (2014). Isto significa um plano para um aumento de 75,33% que é o índice que permite esta equiparação. O que o governador oferece? Em 2015, nada! Reajuste zero. Não aceitaremos essa falta de respeito. Por isso, pedimos seu apoio.

Por ano, cerca de 3.000 professores estaduais abandonam as salas de aula por causa das péssimas condições de trabalho e falta de perspectivas de melhorias. Muitos profissionais têm perdido o encanto por essa profissão pelo fato de ela estar sendo sistematicamente destruída pelo governo estadual. Seu filho merece uma escola pública de qualidade, como manda a Constituição. É um direito básico que precisa ser garantido.

Será dito que as aulas estão acontecendo “normalmente”. Não é verdade. O governo orientou os diretores a colocarem professores eventuais para substituir os grevistas. Isto é desrespeitar um direito do professor e enganar a sociedade como um todo. O professor eventual, embora precise trabalhar, vai assumir qualquer disciplina, independente de sua área de formação. Na falta desse profissional, a orientação é distribuir os alunos em outras salas que estejam tendo aula, superlotando-as ainda mais. Será que o governador colocaria seus filhos na escola pública nas condições em que ela está? Isso não é ensino de qualidade. Precisamos somar esforços para construirmos uma educação mais justa e igualitária, o que só será possível se estivermos organizados para cobrar que os governantes cumpram sua parte.

Professores em Greve de Rio Claro


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