O frio normal de outono ganhou intensidade nas últimas 72 horas em boa parte do Centro-Sul do Brasil, onde a meteorologia, orquestrando a mídia, fez a sensação nos telejornais e canais de internet.
Ponto alto e que rende muito dinheiro para a meteorologia privada no Brasil, agências de turismo e a imensa rede hoteleira festeja a cada “frente fria” narrada pela moça do tempo no telejornal. Mais ainda quando soam jargões de “frente poderosa”, “frio excepcional” ou “onda monstro”, como ultimamente, o jornalismo brasileiro deixou-se contaminar por adjetivos nada profissionais por parte de alguns previsores de tempo.
Antes de sentenciar o pacto comercial entre as empresas que lucram muito com o frio intenso, meteorologistas, no mínimo, deveriam prestar atenção e repassar ao público, informações de utilidade pública e não apenas dar pulos de alegria com os valores negativos de temperatura fora do seu escritório confortável e aquecido de trabalho.
Dados de Organizações Não-Governamentais e secretarias de assistência social de municípios do Centro-Sul do país revelam que atualmente, 40 mil pessoas se abrigam dentro de caixas de papelão ou se enrolam em jornais para amenizar o frio intenso, que mesmo sendo de uma noite, parece não ter fim.
Somente na cidade de São Paulo, o levantamento da prefeitura mostrou que 16 mil pessoas são moradoras de rua e muitos, por inúmeros motivos, não conseguem ao mínimo passar uma noite em um albergue que ofereça alimentação, banho quente e cobertores.
A desigualdade em um país que prega a igualmente dentre os povos, principalmente no campo político do momento, é cada vez mais absurda, quando vidas são postas como objetos sem importância.
Diversas prefeituras em parceria com associações e igrejas resgatam, ainda que em anonimato, parte destas pessoas que mais sofrem nesta época do ano de muito frio.
São ofertados sopões, roupas e cobertores, mas como resultado deste ponto final de ser mais um morador de rua, outras questões estão em jogo, tais como o alcoolismo, muitas vezes não aceito pela família do morador, a prostituição, o desemprego ou simplesmente o abandono.
A mídia, que colore os boletins meteorológicos cada vez mais deveria ter postura de real compromisso deixando-se alguns segundos a mais em pedido de ajuda daqueles que padecem nesta época de frio normal para o outono e inverno.
Não há onda de frio excepcional atuando no Brasil, como agora pregam meteorologistas na mídia. O que há é uma excepcionalidade de ausência por completo da sociedade para com o próximo. Sociedade esta, que reclama da crise, mas não deixa de dormir no aconchego, e muito menos de alimentar-se muito bem em dias em que a moça do tempo dita na televisão que vai esfriar ainda mais. Fieis companheiros dos moradores de rua são os animais, que no frio mais intenso, sempre estão ao lado dos excluídos da sociedade.
(Crédito das imagens: Arquivo/Daia Oliver/Lawrence Bodnar/Agência Estado – J. Duran Machfee/Futura Press)
Fonte da informação: De Olho No Tempo Meteorologia
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