Bolsonaro apoia a ditadura, mas não gosta de ser ‘censurado’ no Fantástico
No último 17 de abril, quando tudo o que precisava fazer era se posicionar a favor ou contra a abertura do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, o polêmico, misógino e homofóbico deputado Jair Bolsonaro aproveitou o momento para exaltar uma figura historicamente responsável por atos de tortura contra presos políticos durante a Ditadura Militar.
Diferente dos nada criativos parlamentares, que dedicaram seus votos a maridos, esposas, sobrinhos e papagaios, Bolsonaro disse que estava votando em memória ao Coronel Alberto Brilhante Ustra, “o pavor de Dilma Rousseff”. A homenagem, obviamente, não foi bem recebida, nem mesmo por quem ainda encontra motivos para eleger Bolsonaro como representante do povo.
Na noite deste domingo (24), o programa “Fantástico”, da Globo, deu voz a algumas das pessoas que foram torturadas pelo coronel aclamado por Bolsonaro. Das mais de 3 mil pessoas torturadas sob os comandos de Ustra, 37 ainda estão desaparecidas.
Depoimentos
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“O Coronel Ustra, ele não era um ser humano (sic), era uma monstruosidade, era uma degeneração da espécie humana”, declarou o vereador Gilberto Natalini, que foi preso e torturado durante a Ditadura. Outra sobrevivente a dar depoimento foi a jornalista Amelinha Teles, presa em 1972. Durante o tempo em que foi mantida sob tortura, ficou amarrada em uma cadeira pelos braços e tornozelos, com fios elétricos nos ouvidos.
“Então você vai levando choque e tem um fio que fica na mão do torturador e ele vai passando nos seus mamilos, no umbigo, no seu corpo. Várias vezes o Ustra entra dentro (sic) da sala e aí, então, num determinado momento ele traz meus filhos, de 5 anos e de 4 anos, nas mãos para me ver”, contou ela.
Uma pessoa dessas merece elogio?
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Apesar de inúmeros relatos como esses, apesar dos desaparecidos e das muitas mortes confirmadas, o Superior Tribunal de Justiça reconheceu somente em 2015 que Ustra comandava práticas de tortura. “Se não o dolo, por condescendência criminosa, ficou caracterizada pelo menos a culpa, por omissão quanto à grave violação dos direitos humanos fundamentais”, diz o documento do STJ.
Nesta segunda-feira (25), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) deve protocolar duas medidas contra a homenagem que Bolsonaro fez ao torturador, afinal enaltecer uma figura criminosa é uma prática ilegal em si. Em seguida, a instituição levará o caso ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, para que Bolsonaro seja impedido de continuar exercendo o cargo de deputado.
“Matéria de sete minutos, não me dão 10 segundos para falar. Isso é um crime”, disse o deputado em uma publicação no Facebook, nos mostrando que realmente ainda não entendeu a definição de crime.
Fonte: Mega Curioso