O presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que a conta no exterior de sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz, era “exclusivamente de cartão de crédito” e não deve ser investigada pelo Conselho de Ética da Câmara.
“Vossa excelência não tem cartão de crédito cuja titularidade do cartão de crédito, da conta de cartão de crédito, seja minha. Eu era apenas dependente de cartão de crédito efetuado pela minha esposa. A conta era dela. Ela cumpriu os requisitos do Banco Central que não detinha saldo maior que 100 mil dólares”, disse Cunha em seu depoimento nesta quinta-feira (19) ao Conselho.
“Ela não é deputada. Não tem que dar respostas ao Conselho de Ética”, acrescentou.
Ele responde a um processo por quebra de decoro parlamentar por ter supostamente mentindo ao afirmar que não tinha contas no exterior.
Cláudia Cruz é alvo de um inquérito no âmbito da Operação Lava Jato. Em março deste ano, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu mandar a ação para o juiz Sérgio Moro, em Curitiba.
Em seu depoimento de hoje, Cunha disse que não há nenhuma irregularidade em relação às contas bancárias de sua esposa.
“A conta da minha esposa era uma conta única e exclusivamente, e cumpria a legislação, e que não tinha saldo acima de US$ 100 mil ao final do ano. Era uma conta única e exclusivamente de cartão de crédito. Nada mais além disso”, afirmou.
“Ela não é objeto da representação e não posso aceitar que seja estendida a representação aos familiares (…) Minha esposa não é deputada e, como não é deputada, (…) não posso concordar que ela seja palco da discussão no âmbito do conselho”, disse.
Além de Cláudia Cruz, uma das filhas de Eduardo Cunha, Danielle da Cunha, também é alvo do inquérito.
De acordo com investigações da PGR (Procuradoria Geral da República), Cláudia Cruz é titular da conta Kopec, na Suíça. Segundo a PGR, dinheiro de origem ilícita transitou pela conta.
Cunha é réu no STF por crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Ele é acusado de ter recebido propinas no valor de US$ 5 milhões referentes à contratação de navios-sonda para a Petrobras.
Ainda de acordo com a PGR, dinheiro de propina em contratos da Petrobras recebido por Cunha foi utilizado para fazer compras de luxo em cidades como Paris.
Fonte: Uol