O Facebook lançou, nesta terça-feira, uma plataforma que oferece ferramentas para ajudar adolescentes, pais e professores a evitar e combater o bullying pela rede social.
A central de Prevenção ao Bullying no Brasil, desenvolvida em parceria com a organização não governamental SaferNet Brasil e o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), deve entrar no ar nesta semana.
A plataforma está dividida em seções inspiradas em situações reais de bullying. Há uma área para os adolescentes, uma para os pais e responsáveis, uma para os educadores, com informações e contatos dos parceiros e uma lista de recursos para denunciar conteúdos e configurar a privacidade.
O diretor de políticas públicas do Facebook, Bruno Magrani, explica que o grupo já trabalha de diversas maneiras para fomentar o comportamento respeitoso na rede social.
“A grande novidade é que estamos investindo em uma campanha de prevenção ao bullying e esperamos ter efeitos duradouros”, afirma. Ele completa afirmando que a central é “um guia de dicas e informações para que os três grupos descritos possam identificar as situações de bullying e saibam o que fazer”.
A oficial do Programa Cidadania dos Adolescentes do Unicef Brasil, Gabriela Mora, explicou que os integrantes do projeto trabalham para que o guia faça sentido no contexto brasileiro e não seja uma simples tradução do que já é feito em outros países.
“Nessa adaptação para o Brasil, fomos ouvir os adolescentes e ver o que fazia sentido para eles. A grande vantagem da central é que ela investe no diálogo com o adolescente. O material é um orientador muito flexível que pode ser adaptado para qualquer forma de esse diálogo acontecer”.
Ela destacou que para tratar do assunto é preciso estar atento para o fato de que a adolescência tem peculiaridades, e uma situação de violência psicológica tem muita repercussão na vida do indivíduo.
“Se acontece dentro de uma sala de aula, já tem uma repercussão. Se acontece online, se perde o controle dessa repercussão, isso tem um impacto muito maior. É importante respeitar essa fase que é de muita inovação. E é importante respeitar principalmente a autonomia dos jovens. O que acontece é que o adolescente está decidindo o que faz online. O controle e repressão não funcionaria com esse público, por isso é preciso partir para o diálogo”. (ABr)
O diretor de educação da SaferNet Brasil, Rodrigo Nejm, disse que a organização não governamental tem se dedicado a estudar formas para que as crianças e adolescentes tenham informação, maturidade e discernimento para usar bem sua autonomia na internet. “Temos que habilitar crianças e adolescentes para lidar com situações reais da vida seja dentro ou fora da internet. Apostamos na conciliação e em ver que segurança nunca será oposto de liberdade. Nosso desafio é conseguir educar para boas escolhas online e que os adolescentes tenham referenciais para desfrutar das boas oportunidades no ambiente digital.”
Para Nejm, é muito positivo que o material contido na Central de Prevenção ao Bullying no Brasil, do Facebook, insistindo na quebra do silêncio e na ideia de não apenas vitimizar os adolescentes como se eles fossem desamparados e sem habilidade de lidar com as situações encontradas na internet. “Também tivemos o cuidado em diferenciar o termo bullying, que não é tão claro no Brasil, distinguindo uma simples brincadeira de algo sério, para não cair em um extremo e, sim, refinar e criar informação para dar habilidade para eles saberem onde está o limite entre brincadeira e a agressão.”
O diretor também destacou que o diálogo e a mediação de conflito, proporcionados pela nova ferramenta do Facebook, ajudam a mostrar ao próprio agressor o que ele está fazendo. “No guia há bastante coisa voltada para quem de alguma forma agride. E para que essa pessoa perceba se foi só brincadeira ou se, de fato, ela está cometendo uma violência. E para que ele também possa mudar sua postura, e pedir desculpas. É importante não condenar o agressor como se ele fosse um caso perdido. O material traz esse olhar para o educador e os pais poderem tomar atitudes com quem agride e precisa de ajuda”.
Fonte: Jornal do Commercio