O governo de São Paulo decidiu suspender a reorganização escolar nesta sexta-feira (04). Após manifestações e polêmicas, o governador Geraldo Alckmin falará às 13h para anunciar oficialmente a decisão.
O vice-governador paulista, Márcio França (PSB) defendeu nesta sexta-feira a revogação do plano da reorganização escolar, que pretendia fechar 92 escolas com a reorganização de salas.
Até o momento, 196 escolas estão ocupadas – de um total de 5.127 unidades em todo o Estado. O plano, que já estava publicado em decreto, prevê que 754 escolas passassem a ter apenas um ciclo de ensino no próximo ano. Ou seja, seriam concentradas em cada escola apenas um ciclo, seja de anos iniciais, finais do ensino fundamental e ensino médio.
O governo visava, com a medida, melhorar a qualidade do ensino e evitar que alunos de idades distintas frequentassem uma mesma unidade. Desta forma, um aluno de menos de dez anos não ficaria em uma mesma escola de outro com 17 anos, por exemplo.
Cerca de 311 mil alunos – entre os 3,8 milhões de estudantes da rede estadual – seriam remanejados com a reorganização anteriormente proposta pelo governo Alckmin.
Ocupações
As ocupações dos alunos nas escolas acarretaram até mesmo na modificação de dez locais de provas onde seriam aplicado o exame da primeira fase do vestibular da Universidade de São Paulo (USP), a Fuvest.
As ocupações das escolas possuem o aval da Justiça, que havia negado pedidos de reintegração de posse feitos pelo governo.
Centenas de alunos chegaram a ocupar escolas que nem seriam fechadas e não teriam seus ciclos de ensino encerrados pela gestão do governador. Este é o caso, por exemplo, da Escola Estadual Padre Saboia de Medeiros, na Chácara Santo Antônio, na zona sul de São Paulo.
A rotina das ocupações é de atividades constantes. No colégio citado, por exemplo, os estudantes passaram a fazer competições esportivas na quadra, jogar tênis de mesa, realizar sessões noturnas de cinema, jogar videogame e fazer aulas abertas.
De acordo com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), os estudantes que participavam de ocupações vinham sendo alvos de ataques de grupos desconhecidos. No último dia 30, um grupo entru na Escola Coronel Antônio Paiva de Sampaio, em Osasco, furtou televisores e depredou salas de aula.
Bloqueios
Grupos de estudantes têm feito manifestações contra a reorganização escolar desde o início da semana. Nesta sexta-feira (04), um grupo chegou a ter enfrentamento com a polícia na região central da cidade.
Os manifestantes, que incluem alunos, sindicalistas e integrantes de outros movimentos, como o Passe Livre, chegaram a radicalizar os protestos e bloquearam importantes vias da capital.
Como forma de dispersar os manifestantes, a Polícia Militar chegou a utilizar bombas de efeito moral, como o ocorrido hoje na região da Avenida Paulista e em outros protestos, como na Avenida Faria Lima, nesta quinta-feira.
Manifestação mais recente.
A Tropa de Choque da PM reprimiu, mais uma vez, a manifestação de universitários da USP com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. Por volta das 11h, os estudantes que protestavam no cruzamento da Avenida Paulista com a Rua da Consolação tiveram bombas atirados em sua direção.
Mais cedo, às 9h, a PM também atirou bombas em direção aos estudantes que protestavam de forma pacífica. O grupo iniciou o protesto por volta das 7h30 na USP e percorreram cerca de 15 quilômetros e bloquearam vias como Avenida Rebouças, Avenida Paulista, Avenida Vital Brasil e Rua do Alvarenga.