Angela Merkel e Theresa May avaliam as consequências da medida de Trump para seus cidadãos
No Twitter, Trump volta a criar polêmica ao afirmar que situação na Europa é uma “bagunça”
Não se passaram nem 24 horas desde que dezenas de refugiados e imigrantes viram vetada sua entrada em território norte-americano por ordem executiva do presidente Donald Trump, e os líderes europeus já se pronunciaram contrariamente. Trata-se da primeira vez que os grandes chefes de Governo de alguns países da União Europeia (UE) unem suas vozes contra o presidente norte-americano e criticam uma de suas medidas mais polêmicas, que recusa a entrada nos Estados Unidos não só de líbios, somalis, sudaneses, iraquianos, iranianos, iemenitas e sírios, mas também daqueles cidadãos que apresentarem dupla nacionalidade caso uma delas pertença a algum país da lista. Se no sábado foi o presidente francês, François Hollande, quem pediu por uma “resposta firme” e unida contra Trump, neste domingo, foram a chanceler alemã, Angela Merkel, e a primeira-ministra britânica, Theresa May, que criticaram a última medida do polêmico presidente dos Estados Unidos. “A luta contra o terrorismo não justifica colocar sob suspeita generalizada pessoas de uma religião ou com um passado específico”, disse o porta-voz de Merkel. Já o Governo britânico, manterá conversas com a Administração de Trump para tratar do assunto. Entretanto, Trump voltou a causar polêmica nas redes sociais ao defender sua medida e insistir que a Europa vive uma situação de “bagunça terrível”, ao se referir aos países que recebem refugiados.
Reino Unido
Depois de encenar o vigor da relação especial, na sexta-feira, em Washington, quando May se tornou a primeira dirigente estrangeira recebida na Casa Branca de Trump, a primeira-ministra britânica pediu a seus ministros do Exterior e do Interior, neste domingo, que entrem em contato com seus homólogos no Governo norte-americano para transmitir a eles suas queixas pelo decreto do presidente, que veta a entrada nos Estados Unidos de pessoas de sete países muçulmanos. Segundo a BBC, as conversas entre os ministros devem se concentrar em proteger os direitos de cidadãos britânicos que possam se ver atingidos pela medida.
Pelo menos duas figuras públicas do Reino Unido se disseram afetados pela proibição de Trump. O deputado conservador Nadhim Zahawi, nascido no Iraque, afirmou que não poderá viajar para os Estados Unidos enquanto o veto estiver de pé. “A rainha me condecorou como cavaleiro e Trump me transformou em um alienígena”, declarou em um comunicado o corredor e medalhista olímpico britânico Mo Farah, que nasceu na Somália e mora nos Estados Unidos.
O próprio ministro do Exterior, Boris Johnson, se adiantou à primeira-ministra e declarou, através de sua conta no Twitter, que “estigmatizar por motivos de nacionalidade” é “divisório e equivocado”. “Defenderemos os direitos e liberdades dos cidadãos britânicos em casa e no exterior”, acrescentou. Em sua saída da União Europeia, Theresa May estabeleceu como prioridade uma boa relação com os Estados Unidos. Mas como demonstra o ocorrido neste domingo, a polêmica agenda do presidente ameaça obrigar May a um delicadíssimo equilíbrio se quiser continuar contando com os Estados Unidos de Trump como seu principal aliado no caminho do Reino Unido rumo a seu novo lugar no mundo.