O que você mais gosta de fazer?

Você é quem comanda a paixão que tem pelo seu trabalho. E a sua tarefa é saber qual é a sua paixão. A paixão é importante porque gera energia, mas o objetivo concentra e molda esta energia. O objetivo pode ter uma força maior quando está fora de você mesmo, além do seu ego ou dos interesses financeiros. Afinal, o que faz os seus olhos brilharem?Você é quem comanda a paixão que tem pelo seu trabalho. E a sua tarefa é saber qual é a sua paixão. A paixão é importante porque gera energia, mas o objetivo concentra e molda esta energia. O objetivo pode ter uma força maior quando está fora de você mesmo, além do seu ego ou dos interesses financeiros. Afinal, o que faz os seus olhos brilharem?

Eu gostava do que os meus olhos viam. Como era bonita a República Dominicana. Eu me perguntava, absorta em meus pensamentos: o que poderia fazer com que um país fosse completo e próspero? O cenário, o povo, sua moeda, enfim, que conjunto seria necessário para ter o país perfeito?

E em meio àquela praia de águas cristalinas, chamou-me a atenção o movimento de uma silhueta contra o sol. Quem era aquele que corria de um lado para o outro, entrando e saindo do mar com uma energia esfuziante? O que ele segurava nas mãos com tanto zelo, que não poderia ser molhado? A distância me impedia de ter essas respostas, então me levantei e fui ao encontro daquela imagem, cheia de vida, ainda iluminada pela luz do sol, que já dava indícios de que em breve iria se por.

Ao me aproximar, percebi que o menino em questão não tinha mais do que 23 anos. A pele morena denunciava que ele deveria ser nativo do País, e o espanhol fluentemente veloz me mostrava que ele tinha pressa. Com as mãos, sinalizava: “um pouco mais para a esquerda”. E falava alto: “Isso mesmo. Agora fiquem aí que vou correr para pegar a luz que está batendo na água. Não se mexam! Vamos aproveitar o resto de sol que ainda temos”. E lá se foi o menino novamente correndo para dentro do mar, todo molhado e cheio de areia pelo corpo. O objeto que ele carregava com tanto carinho para não ser molhado, era uma câmera fotográfica profissional, dessas que custam alguns mil dólares, mesmo nos EUA, onde ainda este tipo de equipamento costuma ser mais barato do que em outros lugares. Os modelos que ele fotografava não tinham nada de especial, apenas pelo fato de ser um jovem casal em lua-de-mel na República Dominicana.

Fiquei encantada com a energia que aquela cena emanava. A dedicação do menino era tão grande, que via-se que ele esquecia do tempo, do corpo, da roupa e do mundo, quando estava fotografando. Fernandez só se deu conta da minha presença quase meia hora depois do pôr-do-sol. O casal já tinha ido embora, e ele continuava ali, limpando o equipamento, revisando as fotos do dia. Incrível era o seu sorriso quando encontrava um bom resultado no visor da câmera. Parecia que o mundo podia se acabar, que ele ia continuar feliz.

Então eu me aproximei e perguntei se ele estava cansado. Ele sacudiu a cabeça numa negativa e com um brilho nos olhos que até hoje vi em poucas pessoas, e respondeu: “Eu poderia fotografar até amanhã de manhã, que não me sentiria cansado. Só parei mesmo porque anoiteceu e acabou a luz”, explicou com o mesmo sorriso nos lábios.

Como sou amante de fotografia, o tema me interessou por dois motivos: primeiro, porque queria saber como funcionava o trabalho dele naquela praia linda, e segundo, porque precisava descobrir de onde vinha aquela automotivação, tão rara de ser encontrada.

Conversamos longamente e foi então que descobri que o jovem era recém-formado em Fotografia em uma Universidade de Santo Domingo, capital da República Dominicana. Mas o que ele fazia ali?

Fernandez me contou que fazia apenas três meses que fotografava para uma empresa terceirizada do hotel, especializada em fazer books de casais em lua-de-mel. Era funcionário desta empresa, mas havia quase oito meses que morava por ali, tentando conseguir uma vaga como fotógrafo. “Foi muito difícil. Todos os fotógrafos aqui são estrangeiros e é política do hotel não permitir que dominicanos trabalhem neste tipo de serviço. Eu sabia disso, mas sabia também que não deveria desistir do meu sonho. Eu precisava de uma oportunidade para mostrar meu trabalho. E só conseguiria fazer isso quando encontrasse e falasse com o dono da empresa, que viaja o mundo todo e passa por aqui apenas algumas vezes ao ano”.

E como você conseguiu isso? Perguntei. “Eu pedi para trabalhar como assistente de café da manhã numa outra empresa terceirizada do hotel. Eu descarregava o caminhão todos os dias de manhã bem cedo com louças e alguns comes e bebes para o café ou coffees especiais. Trabalhei durante quatro meses nesta empresa, ganhando cerca de U$ 400 por mês, até o dia em que eu fiquei sabendo que o dono da empresa de fotografias estava no hotel. Larguei tudo e fui correndo falar com ele, que ouviu o que eu tinha para dizer, mas não me fez acreditar que poderia trabalhar para ele. Pedi um teste para mostrar o meu trabalho e então fiz as fotos de um casal com o meu equipamento para ele avaliar. Naquele dia eu ganhei o meu trabalho, ainda que soubesse que era uma exceção, no meio de estrangeiros que dariam sempre a preferência de fotografar com outros estrangeiros”. Mas, e o seu salário, também é diferente dos outros fotógrafos?

Ele me contou que sim, enquanto os outros ganhavam por book, ele ganhava uma pequena porcentagem por foto vendida. Pensei no tamanho daquela injustiça, quando me revelou que ainda assim o salário dele era cerca de três ou quatro vezes maior do que o dos seus colegas, o que fazia dele um jovem dominicano com destino promissor, porque em apenas três meses já conseguira adquirir equipamento próprio e de primeira linha. Como assim?

“É simples”, explicou. “Os meus colegas trabalham por book, então para eles tanto faz quantas fotos as pessoas compram. Eles querem fazer o máximo de books por dia, atendem o máximo de pessoas que podem, em um curto espaço de tempo. Eu trabalho por foto, então esgoto todas as possibilidades que tenho com cada pessoa que fotografo. Para mim, cada foto é única, eu cuido da composição, da luz, e de muitas outras variáveis para conseguir um bom resultado. A melhor foto é sempre a próxima, e isso faz com que as pessoas tenham dificuldade na hora de escolher. Elas acabam comprando muito mais, e como consequência, eu ganho mais também”. Simples, não?

Isso me faz pensar naquelas pessoas que reclamam todos os dias quando toca o despertador de manhã. Quanta gente que detesta a sua profissão, não ama o seu trabalho, reclama das obrigações e do salário, faz com má vontade, não vê a hora do dia acabar, e morrem de tédio frente a novos desafios? Quanta energia desperdiçada e dinheiro jogado fora frente a um mar de pessoas de baixa produtividade, que muitas vezes nem têm consciência de sua importância pelo simples fato de empurrarem cada dia com a barriga e da maneira que melhor lhes convêm.

Quanta diferença tudo isso faz quando traçamos um paralelo com pessoas como o menino Fernandez, como o atendente da farmácia que canta, como o pintor que se apaixona por cada tela que pinta, com aquele que faz um tremendo sucesso porque simplesmente inventou um jeito diferente de sorrir para os seus clientes. Cada um de nós tem liberdade de agregar ou não o valor da paixão e do entusiasmo em qualquer atividade que estejamos desenvolvendo, a qualquer momento de nossas vidas. Tudo vai depender do quanto o seu coração está envolvido em tudo isso.

Afinal, cargos não têm pensamentos e nem alma, mas as pessoas sim. E isso pode ser percebido e quase tocado nos detalhes mais simples. É no capricho do pacote de presente da balconista, é na consideração da resposta do e-mail que vem do diretor da empresa, é na forma como você olha nos olhos das pessoas. É na gentileza de cada dia ou até na maneira como as pessoas brigam para ir em busca de seus objetivos, suas metas e realização de seus sonhos.

Precisamos ter liberdade para enxergarmos como dar asas para nossas paixões. Porque é a partir daí que tudo vai acontecer em nossas vidas. Incrível como o emprego que temos vai começar a se assemelhar ao emprego que sempre quisemos ter. É o nosso entusiasmo que concede gratificações do emprego dos sonhos, em matéria de importância, reconhecimento, produtividade e alegria.

Afinal, o que pode fazer com que um profissional seja completo e promissor? Sua aparência, seu estudo, seu salário, enfim, que conjunto seria necessário para ter um profissional perfeito?

Seria o alinhamento entre conhecimentos, habilidades e atitudes? Talvez um pouco mais do que isso: mãos, cabeça, coração e alma precisam estar alinhados e totalmente integrados.

Afinal, o que emociona você? O que faz os seus olhos brilharem? Você é quem comanda a paixão que tem pelo seu trabalho. E a sua tarefa é saber qual é a sua paixão. A paixão é importante porque gera energia, mas o objetivo concentra e molda esta energia. O objetivo pode ter uma força maior quando está fora de você mesmo, além do seu ego ou dos interesses financeiros. Você tem a opção de fazer o trabalho necessário para alcançar a essência do seu ser, o lugar onde sua paixão repousa, o lugar onde o seu eu verdadeiro se encontra dentro de você. O primeiro passo é descobrir como ampliar seja qual for a paixão residual que você tenha e fazer com que ela cresça de modo a guiar seu trabalho no futuro. Cada um de nós tem uma paixão em algum lugar. O segredo é encontrá-la e construir o seu trabalho em volta dela.

E como toda grande conquista na vida, é preciso começar com o primeiro passo. Então, comece se perguntando: o que você mais gosta de fazer?

Fonte: Administradores

 


© 2024 - Rio Claro Online
Todos os Direitos Reservados
Agência Interativa Nautilus Publicidade