Oposição venezuelana ganha prêmio europeu de direitos humanos

PRÊMIO SAKHAROV

Trata-se do mais alto reconhecimento concedido pelas instituições da União Europeia

 

O Parlamento Europeu concedeu nesta quinta-feira o Prêmio Sakharov à liberdade de consciência à oposição democrática da Venezuela. Os outros finalistas eram a ativista indígena guatemalteca Aura Lolita Chávez Ixcaquic, defensora do meio ambiente e dos direitos humanos, e o jornalista sueco-eritreu Dawit Isaak, preso desde 2001 por publicar informações defendendo a abertura democrática na Eritreia.

 

O prêmio, anunciado na tarde desta quinta-feira pelo presidente da Eurocâmara, Antonio Tajani, em Estrasburgo, é o mais alto reconhecimento concedido pelas instituições da União Europeia (UE) a pessoas que se distinguiram por defender os direitos humanos. A dotação é de 50.000 euros (cerca de 190.000 reais), mas acima de tudo representa um poderoso alto-falante para dar ressonância global a situações de injustiça.

 

O Prêmio Sakharov simboliza o movimento pelas liberdades democráticas em Julio Borges, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, e em todos os presos políticos, incluindo sete líderes representados por ele e que se encontram atualmente em penitenciárias ou sob prisão domiciliar: Leopoldo López, Antonio Ledezma, Daniel Ceballos, Yon Goicoechea, Lorent Saleh, Alfredo Ramos e Andrea González. A cerimônia de premiação será realizada na Eurocâmara em Estrasburgo, em 13 de dezembro.

 

A indicação da oposição venezuelana foi promovida, como em edições anteriores, pelo Partido Popular Europeu (PPE) e pelo grupo liberal ALDE. Com a premiação, a Eurocâmara envia uma nova mensagem ao Governo venezuelano. “Queremos fazer um chamado para uma transição pacífica rumo à democracia e para a abertura de um corredor humanitário para aliviar o sofrimento”, afirmou o presidente Tajani. “Não premiamos apenas os encarcerados injustamente por terem expressado sua opinião, mas também os que lutam para sobreviver em um regime autoritário”, acrescentou.

 

O Parlamento Europeu tem sido a mais contundente entre as instituições da UE quando se trata de expressar seu apoio às reivindicações da oposição venezuelana. Em meados deste ano, a Eurocâmara criticou veementemente o autoritarismo do presidente venezuelano Nicolás Maduro e, desde o início, anunciou que não reconheceria a Assembleia Constituinte, o órgão que suplantou a Assembleia Nacional, controlada pela oposição. A pressão da UE diante do déficit democrático na Venezuela vem aumentando nas últimas semanas, e as sanções de Bruxelas contra oficiais e militares ligados à repressão devem se concretizar nas próximas semanas.

 

Esta foi a segunda vez que a oposição venezuelana ficou entre os finalistas. A primeira ocorreu há dois anos, quando o blogueiro saudita Raif Badawi foi o escolhido. Longe de ser um mero instrumento de homenagem simbólica, a condecoração é um tipo de ativismo feito pelas instituições que tentam promover uma causa. Neste século, três outros candidatos latino-americanos receberam o Prêmio Sakharov, todos cubanos: o dissidente Oswaldo Payá e Guillermo Fariñas receberam a premiação em 2002 e 2010, respectivamente, enquanto que em 2005 o prêmio foi concedido para as Damas de Branco, grupo formado por mães e esposas de líderes cubanos presos pelo regime.

 

ÁLVARO SÁNCHEZ

Fonte: EL PAIS

 

___leopoldolopez _venezuelalibre_006 Caricatura-de-Maduro-y-lo-que-representa

 


© 2024 - Rio Claro Online
Todos os Direitos Reservados
Agência Interativa Nautilus Publicidade