Ou Temer cai ou revoga-se a democracia

Nenhuma democracia se sustenta com um presidente rejeitado por mais de 90% da população.

 

É uma democracia manca, pois o poder do presidente emana do povo. Se o povo não lhe dá poder, ele não tem sustentação.

 

O povo dá o poder e o povo o tira.

 

Ditador pode ser impopular porque o poder que o sustenta não vem das urnas, vem das armas.

 

Presidente, não.

 

Só que Temer não tem o poder das urnas, nem o das armas.

 

Tem o poder de ministros e de parlamentares sob suspeita e risco de condenação.

 

Parlamentares e ministros com telhado de vidro.

 

Mas é um poder efêmero: à medida em que for abandonado pelo povo, será abandonado pelos parlamentares.

 

Nenhum presidente com 90% de desaprovação tem legitimidade para comandar reformas radicais contra a população do porte da trabalhista, que acaba com a CLT e a da Previdência, que muda a constituição.

 

Mas Temer não percebe o risco em que coloca o país ao insistir nas propostas insensatas, que tendem a aumentar ainda mais o abismo social num Brasil tremendamente desigual.

 

Não abre mão delas porque é a dívida que tem com a Fiesp pelo irrestrito apoio à deposição de sua companheira de chapa.

 

Temer está numa sinuca de bico.

 

Se desistir das reformas vai perder o apoio da Fiesp; se não desistir vai perder os 9% de aprovação que ainda tem.

 

Ou continua fiel à Fiesp e perde o povo ou ouve o povo e perde a Fiesp.

 

Alguma coisa vai acontecer.

 

Nada será como antes.

 

A continuar a rejeição galopante ou cai o presidente ou revoga-se a democracia.

 

Por Alex Solnik


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