Há algum tempo tenho pensado sobre a relação do carnivorismo e as opressões de gênero que nós, mulheres sofremos. Eu enquanto mulher e feminista cada vez mais percebo o quanto o feminismo não está deslocado do veganismo, tanto como mecanismo de luta e autoconhecimento quanto da própria reflexão em relação a condição de oprimida por ser mulher (fêmea humana) em paridade a condição das fêmeas não humanas. Porém, estarei discorrendo um pouco mais sobre esse assunto e as interelações do especismo e machismo em outro momento, nos próximos post aqui do site.
Hoje gostaria de expor um texto da minha querida irmã de luta Larima Toledo, no qual faz relação com os papéis de gênero e os mitos que são postos pela mídia e sociedade quando pensamos em nos tornar veganos ou apenas abolir o consumo da carne.
“Eu estava aqui pensando nas informações que recebemos sobre malefícios da soja, sobre papéis de gênero e sobre a indústria carnista.
É verdade que se tornar ovolactovegetariano ou vegano significa aumentar o consumo de soja no dia a dia? Na grande maioria dos casos, o consumo aumenta sim. Vários de nossos alimentos são a base de soja (mas não significa que essa é nossa única alternativa, pois não é verdade).
Agora, colocando-se na posição da indústria carnista e pecuarista, não é nada interessante perder consumidores para o veganismo. Então como protegê-la? Já que são tempos que somos bombardeados a nos preocuparmos com a nossa saúde acima do nível de normalidade, fazer a sociedade temer em relação a saúde torna-se o caminho mais fácil. Usar do marketing, assim como usa a indústria farmacêutica. E propagar as seguintes ideias: a soja dá celulite à mulher, assim como reduz a fertilidade do homem.
Interessante essa separação. A indústria pecuarista marketeira, não só usou da vulnerabilidade da sociedade em aceitar qualquer informação para o “ser saudável”, como também usou dos papéis de gênero. Se o comportamento padrão feminino é a busca pelo corpo ideal, e este imaginário photoshopado não possui celulite, logo a mulher temerá consumir produtos a base de soja, fugindo do veganismo. Se o comportamento padrão masculino é ser viril, e este acredita que a soja lhe traga malefícios para sua masculinidade, fugirá do veganismo. Mais uma vez o especismo está presente como forma de alienação e dominação. Desta vez, não somente a dominação dos corpos, mas também das ideias.
Esse assunto me lembra a fase em que a medicina comentava sobre a famosa taça de vinho de cada dia. Benefícios com benefícios. Esqueceram que álcool também é droga. Por trás do suposto saudável existe interesses.”
Fica o adendo para quem gostaria de mudar seus hábitos alimentares, desmistificando algumas informações errôneas que ouvimos por aí! Consumir soja não te faz menos ou mais “másculo” ou no caso das mulheres, não diminui sua feminilidade ou beleza ( se é que realmente existe “beleza”). Ademais, quem tiver interesse sobre o assunto estamos a disposição!
xThayná Bielçax