Repressão a protestos em sedes olímpicas é mais severa do que na Copa

A Fifa e o COI (Comitê Olímpico Internacional) têm regras bem parecidas quando se trata de protestos políticos: não são tolerados em suas competições, seja na arquibancada, seja no campo. Mas a repressão a manifestações dentro das sedes têm sido muito mais severa nos Jogos do que na Copa. E isso ocorre justamente quando o país está dividido politicamente em relação à briga pela presidência, nesta disputa Michel Temer e Dilma Rousseff.

 

Primeiro, ressalte-se que a proibição a cartazes é legal. Foi sancionada em maio de 2016 pela lei olímpica, que prevê que torcedores não podem usar bandeiras que não seja para fins amigáveis. Não trata de gritos de ordem por exemplo, e ressalva o direito de livre manifestação. São as regras olímpicas que proíbem qualquer protesto político, o que inclui os gritos. A Justiça já considerou essa a regra legal.

 

O cenário era similar com a Fifa que também orientou que não deveria haver protestos, e colocou essa instrução em ingressos. Mas nem sempre isso foi seguido à risca.

 

Dou aqui um exemplo que ocorreu no Maracanã. Uma faixa grande foi exibida com protesto contra a própria Copa-2014. Houve repressão e pedido que a faixa fosse abaixada, mas ela não foi recolhida e ninguém foi expulso da arena. No final, os manifestantes continuaram a mostrar a faixa e ninguém fez nada.

 

Outros cartazes, naquela época, também foram retirados dos manifestantes. Em geral, o policial ou voluntário chegava, pedia para abaixar ou retirava e ia embora. Mas houve quem exibisse tranquilamente camisas contra a Copa ou até a Fifa sem ser incomodado.

 

No caso olímpico, cartazes de tamanho pequeno com “Fora Temer” têm sido alvo dos policiais. No Sambódromo, um torcedor foi retirado com truculência pela Força Nacional. Na Arena Olímpica, na competição de ginástica, torcedores também acusaram os policias de serem duros na repressão e de ameaçarem retirá-los. Eles não foram expulsos, e os policiais alegam terem sido educados.

 

Uma torcedora me relatou que um voluntário a perseguiu até o banheiro porque tinha exibido uma faixa “Fora Temer”.  E fez ameaças de que seu amigo tinha sido preso.

 

A regra do COI não é nova e já causou polêmica como a punição dos velocistas no México-1968 que perderam suas medalhas por um protesto no estilo “Panteras Negras”. É discutível por sua interferência no direito democrático da liberdade de expressão. Do lado do COI, é um jeito de se proteger de envolver os Jogos em discussões que não são suas, como se a entidade fosse isolado do mundo (claro que não é).

 

Claro que grandes manifestações poderiam interferir nas competições, mas não me parece que pequenos cartazes estejam causando distúrbio nos ambiente. Que se peça para retirá-los, vá la. Mas não dá para achar normal uma atitude intimidadora da Força Nacional ou ameaças de expulsão.

 

Isso gera inclusive uma desconfiança sobre quem dá orientações aos policiais para agir assim visto que a Força Nacional é vinculada ao Ministério da Justiça, comandado por Alexandre Moraes, aliado de Temer e responsável por comandar a repressora polícia paulista. Que os policiais possam ter mais bom senso na aplicação da lei porque não estão lidando com criminosos, apenas com pessoas que discordam do governo atual.

 

Fonte: Uol

 

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Utilidade pública para vítimas da nova ditadura brasileira: quem tiver sido detido nas olimpíadas por manifestação contra o golpe pode enviar denúncia ao Grupo de Trabalho sobre Detenções Arbitrárias da ONU, através desse link:


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