A Semana de Moda começou nesta quinta-feira (11) em Nova York com seu frenesi habitual de desfiles e uma pergunta que a preocupa: como continuar tendo importância em um mundo em que as redes sociais são onipresentes e os clientes querem tudo de imediato?
Tradicionalmente, os estilistas apresentam suas coleções com seis meses de antecedência. A semana de moda que começa hoje mostra o outono-inverno 2016-2017 para um público muito especializado composto por compradores, jornalistas, blogueiros e famosos. A venda em lojas acontece apenas em alguns meses.
Mas nessa época de Instagram e de outras redes sociais, a paciência já não existe. Várias marcas divulgaram recentemente que apresentarão coleções nas passarelas que estarão disponíveis imediatamente para compra, e não seis meses depois.
Um exemplo é a estilista Rebecca Minkoff, que apresenta nesse domingo sua coleção primavera-verão 2016.
“Tudo o que verão na passarela estará disponível de maneira imediata, ou em no máximo 60 dias”, prometeu Minkoff em um vídeo no YouTube.
“A imagem não vai se esgotar. Não estarão cansados da jaqueta que viram em todas as contas do Instagram e nos portais na internet”, afirmou.
Comprarão “o verdadeiro produto, não uma cópia feita até antes que eu mesma possa fazer”, disse.
Em Londres, a marca Burberry também anunciou que, a partir de setembro desse ano, vai colocar suas coleções à venda imediatamente após os desfiles, que não vão mais se diferenciar por temporada.
Sistema ineficaz
O Conselho de Criadores de Moda americano (CFDA, na sigla no inglês), proprietário também do calendário da semana de moda, tenta encontrar há vários meses um novo modelo. Para o CFDA, o atual é “ineficaz”.
Em dezembro de 2015, o conselho encomendou um estudo sobre essa questão com uma empresa de consultoria. Os resultados estarão prontos em algumas semanas.
“Os criadores, os distribuidores e os editores se perguntam há um certo tempo sobre a pertinência da semana de moda em seu formato atual”, explica o presidente do CFDA, Steven Kolb.
A chegada de celebridades que fazem da moda um espetáculo acelerou esse processo. O rapper Kanye West apresenta hoje sua coleção no Madison Square Garden, sua terceira coleção Yeezy, junto com o lançamento mundial de seu novo álbum.
Os 18.000 lugares são pagos, entre US$ 50 e US$ 135, e o público, que habitualmente não tem acesso aos desfiles de moda, é mais do que bem-vindo. O espetáculo será transmitido em 700 salas de cinema em 23 países.
Entre as outras celebridades presentes de maneira ativa no evento está a cantora Rihanna, que apresenta sua coleção Puma nesta sexta-feira.
No total, o programa oficial da Semana de Moda de Nova York tem 147 estilistas em 97 desfiles e 50 apresentações. Outros criadores mostrarão seus trabalho de forma independente.
Nesta quinta, é a vez da dupla nova-iorquina Nicholas K, dos irmãos Christopher e Nicholas Kunz, que tradicionalmente abrem o evento, seguidos por BCBG, Brock Collection, Creatures of the Wind, Pas de Calais e Ulla Johnson, entre outros.
Na sexta-feira, apresentam-se Tadashi Shoji, Zimmermann e Jason Wu, antes de um fim de semana agitado com Lacoste, Hervé Leger, Alexander Wang, Altuzarra, Victoria Beckham, Public School e Diane Von Furstenberg.
Na semana que vem, desfilam pesos pesados como Tommy Hilfiger, Zac Posen, Vera Wang, Oscar de la Renta, Ralph Lauren, Calvin Klein e Marc Jacobs.
Desfile da coleção Primavera/Verão 2016 by Marc Jacobs,
na Semana de Moda de Nova York, em 17 de setembro de 2015
Por Brigitte DUSSEAU