Uma série de livros que convida principalmente crianças e jovens a pensar sobre o amor livre, a diversidade de gêneros e as liberdades individuais, promovendo valores como amor, respeito, tolerância e empatia. É essa a proposta do projeto “Amar Coletânea de Livres Infantis” – sim, livres, um jogo com as palavras “livre” e “livro”. Da iniciativa nasceram quatro obras que flertam com clássicos da arte para abordar o universo LGBT e que contam com textos de apoio assinados pelo escritor Valter Hugo Mãe e o deputado federal Jean Wyllys.
Autora de mais de 20 livros infantis, a animadora Rosana Urbes, que já trabalhou nos Estúdios Disney, assina o “Safo”, exemplar que dialoga com a obra da poetisa grega homônima. O ilustrador Mateus Rios e o cineasta Thiago Minamisawa são os responsáveis por “Eu”, baseado no poema de Narciso, escrito por Ovídio. A artista plástica Cris Eich e o roteirista e jornalista Bruno Castro fazem uma homenagem a Guimarães Rosa e ao amor entre Diadorim e Riobaldo, personagens de “Grande Sertão: Veredas”, em “Nonada”. E, por fim, a artista Marcia Misawa e o cineasta e jornalista Vinícius Cardoso se inspiram em Frida Kahlo para, em “Existo”, compor um caderno no qual uma criança transgênero relata suas histórias de descobertas e reflexões.
“A melhor maneira de construir uma sociedade sem preconceitos começa na infância. Nenhuma criança nasce preconceituosa: são os mais velhos que transmitem a intolerância como uma espécie de doença cultural que, depois, é muito mais difícil de curar. A educação é uma importante ferramenta de combate e transformação. Assim também é a literatura infantil, elemento fundamental para a formação de todos nós. Por isso, ela tem que ser diversa, como a vida mesma é, com gente de todas as cores e casais de todos os tipos e famílias tão diferentes como na realidade”, escreve Wyllys em seu texto para o projeto.
“Devíamos ter medo de como as pessoas se odeiam e não de como se amam. Não entendo nem como podemos manter preconceitos ou estranhezas para com essa coisa incrível de encontrarmos metade do nosso coração em outra pessoa. Coração é um órgão de partilha que não pede muita licença nem dá muita explicação. O bonito de se ser pessoa é isso de não ter limite para amor, e o amor, de todos os jeitos, é sempre uma surpresa, até para quem fica fazendo planos, contas ou tomando decisões. Se for amor, ninguém vai decidir muito, vai apenas reconhecer. Por que razão, então, querer regrar o carinho de alguém? Carinho, cuidado, não se deve diminuir, só aumentar”, aponta, por sua vez, Hugo Mãe.
Cada livro da coletânea, que recebeu apoio do edital ProAC LGBT 2014, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, terá uma tiragem inicial de 4.000 exemplares, que estarão à disposição do público na rede de bibliotecas públicas estaduais e nas bibliotecas do Sesc São Paulo. A ideia dos idealizadores é, agora, captar verba por meio de financiamento coletivo para viabilizar a impressão de mais unidades, que serão doadas a escolas, bibliotecas e centros culturais de todo o país.
Os livros da série “Amar Coletânea de Livres Infantis” são amplamente ilustrados e os originais desses desenhos estarão expostos na Casa das Rosas, em São Paulo. Nos dias 23 e 24 ainda haverá oficinas de arte para crianças e adultos e mesas de debate sobre literatura, infância e diversidade.
Veja uma página de cada livro: