Sônia Braga rebate críticas do ministro da Cultura sobre protesto em Cannes

A FOTO É A MESMA O RECADO É NOVO:

 

Aula de História para o senhor Marcelo Calero, 33 anos de idade.
Eu, só de profissão, tenho 50.

 

Na época da Abertura, os artistas não tinham sequer uma lei que regulasse a profissão. Essa lei foi promulgada em 1978, depois de muita luta, da qual tive a honra de participar.
Naquela época, acredito, o senhor Marcelo ainda não havia nascido. Por isso, não deve ainda ter tido tempo de aprender sobre os nossos problemas e os nossos direitos.
E pouco se importou, ou não notou, que uma atriz brasileira era campeã de bilheteria do cinema brasileiro e sustentou este título por 30 anos – também ganhando, com filmes brasileiros, além de projeção internacional, muitos prêmios no exterior, promovendo assim o nome de Brasil e de nossa cultura.

 

Como pode um Ministro dizer que um ato democrático como o nosso é a representação de um País inteiro?
Isso é desconhecimento do que significa plena democracia. Se estivéssemos falando em nome de todos não precisaríamos, evidentemente, fazer o ato.
Uma coisa é certa: estamos juntos.

 

O Ministro da Cultura ofendendo artistas é inadmissível. O senhor está nesse cargo para dialogar, para nos ajudar, para fazer a ponte com quem nos explora.
A propósito, as críticas para Aquarius foram fabulosas. Quatro estrelas em jornais franceses, italianos, poloneses, russos e três citações no The New York Times. Ponto grande para a imagem da cultura brasileira no exterior.

 

Senhor Ministro, não podemos perder as nossas conquistas. Sobretudo a mais importante delas, o respeito.

Sônia Braga

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