Uma vida no real

Hoje vamos falar um pouco mais de nós entrando de vez na casa do Quem sou Eu de fato.

Já falamos que temos diversos EUs e uma vida saudável é assim mesmo, saber desempenhar cada papel em nossa vida curtindo tudo que estamos realizando. Por exemplo: ser EU mãe de 60 anos de idade. Digamos que você é uma mãe de um filho de 40 anos. Como é ser uma mãe com toda intensidade de um filho de 40 anos de idade, provavelmente casado que tem filhos universitários, uma filha de 20 anos e um garoto de 18 anos? Ou de uma filha com essa mesma idade, com filhos mais novos na adolescência, dois garotos?

Primeira coisa a fazer é não ser aquela mãe que olha para seu filho como se fosse um bebe, ou um adolescente. Como trocar afeto com esse filho de 40 anos de idade, um filho que também é pai?

Como trocar afetos com essa filha de 40 anos de idade, provavelmente com diversos problemas com seus filhos adolescentes, mãe também?

Dizem que mulher tem mais sensibilidade, que homens são mais provedores. Nessa hora somos todos iguais no sentimento.

Para a gente pensar nos cuidados necessários para uma vida bem administrada é bom a gente poder olhar essa vida de vários ângulos saindo do lugar onde estamos para não mascarar a visão que temos de nós mesmos.

Então, temos de olhar para esses cuidados de hoje, nunca desprezando os cuidados aprendidos lá atrás na experiência de vida. Nossa historia de vida deve desempenhar um papel estratégico porque dai retiramos muitos ensinamentos para a vida atual.

Outro ingrediente entra aqui, essa senhora de 60 anos mãe de filhos de 40 anos, tem sua mãe de 85 anos de idade.
Se observarmos a riqueza de uma vida em família vamos notar aqui a presença de papeis de bisavó, avó, filhos, mãe, pai, tios, primos, sobrinhos, netos e bisnetos. Uma rede enorme de muitos afetos e muitos sentimentos com conflitos de toda ordem.

Agora se a gente olhar para o campo profissional podemos encontrar muitos outros papeis aqui envolvidos.
Nessa rede de muitas relações de afeto amoroso e muitos nós pelos múltiplos encontros ou desencontros que há numa família, podemos perfeitamente compreender a trama de cuidados para que a vida amorosa aconteça realmente de fato. Haja nutrição de amor pela compreensão, dialogo, bondade e solidariedade.

Esse é apenas um exemplo simulado para nos ajudar a refletir um pouco em como há necessidade de se pensar com muita calma quando falamos em grupo de família.

Aqui entra aquilo que denominamos de cuidados.

O cuidado de si é o solo que fundamenta o quadro do conheça-te a ti mesmo, é preciso que cuideis de vós mesmos. “Todo homem noite e dia, e ao longo de toda a sua vida, deve-se ocupar-se com a própria alma” – Epicuro – Filósofo da Antiga Grécia.

Aprender a cuidar de si para cuidar do outro que faz parte da nossa vida. Por exemplo: essa família de bisavó, avó, mãe, pai, filhos, tios, sobrinhos, netos e bisnetos.

Num primeiro momento podemos verificar que é um campo vasto para muitos aprendizados, quando colocados em pratica com maturidade e amor. Aí a doutrina espirita pode auxiliar muito, caso não seja olhada como dogmas de vida. São instrumentos que serão usados para complementar uma formação educacional. A pratica diária do bem caridoso implica em saber lidar com essas vidas com muita paciência e sentimento total de tolerância. Família tem a finalidade para qualquer ser humano de ser o seu colo acolhedor.

Educação se faz seguindo um caminho onde há regras, princípios e valores que formarão um adulto. Obedecer tudo isso não é coisa simples, administrar então, exige de nós muitas habilidades e conhecimentos.

Entretanto dizemos que um ser humano também, recebe muitas influencias do meio onde convive.

Todos os participantes dessa família em determinados momentos conviveram em outros espaços que por eles receberam essa influencia, para o bem ou para o mal. A igreja, o centro espirita, o clube social, a escola, a universidade, o trabalho, a rua, etc.

É importante falar da consciência, pois ela vai determinar o resultado do desempenho desses papeis nessa família e fora dela. Consciência é uma conquista acima de tudo. A primeira consciência é saber que há um corpo a ser administrado. Ser o gestor desse corpo demanda muitos conhecimentos sobre o funcionamento dessa maquina maravilhosa.

Bom, a primeira critica a se fazer é, um corpo não é uma maquina. Apesar do sistema hoje dizer que nosso corpo é uma maquina, um produto a ser consumido. Veja, se a gente não tomar consciência podemos nos transformar em objeto de consumo de alguém. Isso a gente vê muito por ai. Basta olhar as propagandas veiculadas na mídia televisada. O ser humano no mundo é olhado pela indústria farmacêutica como um objeto a consumir sem controle seus produtos, não importando muito as consequências dai advindas. Basta observar atualmente o consumo descontrolado de remédios de tarja preta.

Portanto é importante que tomemos consciência de que nosso corpo faz parte de algo maior, a alma e um espirito. Ele não funciona sozinho. Para que tudo funcione direito é necessário que esse corpo seja bem administrado, bem gerenciado por mim que sou o dono dele. Eu preciso me apropriar do meu corpo. Todo cuidado mínimo fará a maior diferença para uma vida boa.

Fazer tudo por prazer, tudo pela nossa felicidade obedecendo todos os cuidados indispensáveis para que tudo funcione bem, conforme é uma vida cuidada com amor e complacência é a dica que deixamos.

Voltemos á família! Importante salientar que essa família tem uma historia de vida. Uma historia peculiar dentro do contexto parental. Entretanto cada um deles tem uma historia singular construída por experiências vividas dentro da família e de conhecimentos adquiridos por recortes de outros ambientes por onde passaram. Portanto, a historia de vida de qualquer ser humano passa necessariamente pela família e por fora dela. O mundo externo conta muito também.

Agora se a gente pensar numa vida vivida com respeito ao singular que cada um de nós somos, necessário se faz também levantar todos os cuidados ai fundamentais para levar ao adulto amoroso e respeitoso que imaginamos para cada um desses participantes dessa família.

Como imaginar a vida de uma bisavó de 85 anos convivendo com bisnetos adolescentes nessa era das tecnologias virtuais?

Ficamos por aqui hoje nesse ponto somente com o intuito de refletirmos o nosso papel dentro de nossas famílias. Porque estamos propondo caminhar iniciando pela família?

Por que é na família que somos gerados, educados e preparados para a vida adulta. Para ser uma pessoa consciente dos diversos papeis que iremos assumir nos campos do afeto, do social, do religioso, do profissional, do cultural e do politico.

Para o bom funcionamento de tudo é superimportante que eu tenho de assumir o comando da minha vida, aprendendo todos os cuidados necessários para uma caminhada tranquila.

O primeiro cuidado então é a ocupação de mim mesmo para que eu aproprie de fato sobre a minha vida. Assumindo todos os riscos com sabedoria, com racionalidade e com muito equilíbrio. Sou dono de mim.

Tudo isto determina uma maneira de ser, uma atitude frente à vida, formas de reflexão para avaliação de conduta e postura. É, portanto, um olhar para o nosso mundo interior, para nossa subjetividade, para a nossa alma, sempre respaldado em aspectos da minha relação com o mundo exterior.

Ser um humano, portanto é: um olhar sempre atento para dentro de si captando tudo de melhor que somos. É juntar o melhor de si mesmo para ser o melhor para o outro. Uma comunhão do dentro e do fora para fazer da nossa vida esse belo espetáculo dialético.

Jayr Soares da Silva


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