Em nota, Itamaraty afirma que país vizinho confirmou ‘ruptura da ordem constitucional’
RIO — A votação da Assembleia Constituinte venezuelana foi enfaticamente condenada pelo Itamaraty. Em nota divulgada antes do fechamento das urnas no país vizinho, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que “lamenta profundamente” a decisão do governo de Caracas de ignorar apelos da comunidade internacional e instou a suspensão da instalação do novo órgão.
De acordo com o Itamaraty, “a iniciativa do governo de Nicolás Maduro viola o direito ao sufrágio universal, desrespeita o princípio da soberania popular e confirma a ruptura da ordem constitucional na Venezuela”.
O governo brasileiro considerou que a nova Assembleia, se for empossada, formaria “uma ordem constitucional paralela”.
PREOCUPAÇÃO COM VIOLÊNCIA
Assim como as chancelarias de outros países latino-americanos e europeus, o Itamaraty demonstrou preocupação com a escalada de violência no país — nos últimos quatro meses, mais de 100 pessoas foram mortas em manifestações. O Ministério das Relações Exteriores atribui o acirramento da crise em Caracas ao “avanço do governo sobre as instâncias institucionais democráticas ainda vigentes no país e pela ausência de horizontes políticos para o conflito”.
As relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela são delicadas desde a posse do presidente Michel Temer, devido às críticas de Caracas ao impeachment de Dilma Rousseff. O embaixador do Brasil em Caracas, Ruy Pereira, foi convocado para consultas em Brasília no mesmo dia em que Maduro chamou de volta o seu embaixador, em setembro do ano passado. Pereira retornou para a Venezuela somente em maio.
O Brasil foi protagonista do processo de suspensão da Venezuela do Mercosul, processo que ocorreu, entre outros motivos, pela “ruptura da ordem democrática” no país de Maduro. Nos últimos meses, o governo brasileiro incentivou negociações entre o governo e a oposição em Caracas, ao mesmo tempo em que acolhe cada vez mais imigrantes. Os pedidos de refúgio saltaram de 230 nos últimos dois anos para quase 3 mil entre janeiro e abril de 2017.
Fonte: O Globo
Manifestante contra Maduro se senta no chão perto de barricada em Caracas – Ariana Cubillos / AP