Você usa 5 critérios para decidir se algo é certo ou errado

Segundo dois especialistas em psicologia da moral, resolvemos qualquer dilema baseados nestes mesmos pilares.

 

Independentemente da cultura, religião ou time de futebol, sua percepção de que algo é certo ou errado segue um mesmo processo mental. Essa é a teoria dos pesquisadores Jesse Graham, da Universidade do Sul da Califórnia, e Jonathan Haidt, da Universidade de Nova York.

 

Seu grupo de pesquisa investiga o código moral de diferentes sociedades. Eles resumiram anos de estudo na Teoria dos Fundamentos Morais – de acordo com ela, o que é moralmente correto pode variar de grupo para grupo, mas tudo depende de 5 pilares fundamentais. São eles:

 

Cuidado

Este primeiro fundamento apela para o nosso instinto de evitar a dor – e de não gostar de ver os outros sofrendo também. Seres humanos desenvolveram tendências neurológicas de se apegar a outras pessoas e se compadecer delas. Assim, uma decisão parece “moral” quando promove o cuidado de alguém, e amoral quando prejudica ou machuca outra pessoa.

 

Reciprocidade

O pilar se baseia na percepção que temos quando estamos recebendo um tratamento que não merecemos – até animais apresentam essa intuição. É a partir desse sentimento que a ciência acredita que desenvolvemos os conceitos sociais de justiça, liberdade e igualdade. O significado varia de cultura para cultura, mas a sensação intuitiva de que não está existindo reciprocidade entre a sua ação e a reação de outra pessoa já nasce com você.

 

Lealdade

Somos bichos tribais e criamos ligações com a comunidade. Assim, o que é benéfico para o grupo tende a ser considerado moral, e uma ação contra a coletividade dá aquele aperto no coração – quaisquer que sejam os costumes da sua “tribo”.

 

Autoridade

Esse pilar também nasce da nossa coletividade enquanto espécie: com as vantagens que as estruturas hierárquicas trouxeram para as comunidades de Homo sapiens, teríamos a tendência de respeitar tradições e figuras de autoridade – e achar mais “corretas” as decisões que vão nessa linha. Mas existe um grande porém: esse pilar só se aplica quando acreditamos que a autoridade dessas pessoas é legítima.

 

Pureza

Por último, vem a noção de que algo certo se aproxima da pureza e algo errado, da sujeira ou degradação. É baseado na ideia do nojo como uma das nossas reações mais primitivas e importantes para a evolução da espécie. Nojo de mofo, por exemplo, pode ter salvado um dos seus antepassados.

 

Na psicologia, esse nojo já foi usado para controlar as pessoas (a igreja, por exemplo, pregava a associação entre nojo e a quebra da castidade). Mas a ideia de que uma decisão “certa” tem uma motivação nobre e elevada e que o “errado” é o carnal e sujo é mais antiga que a religião católica. O que varia é o que é considerado sujo ou puro para cada cultura.

 

Os psicólogos da Teoria dos Fundamentos da Moral acreditam que as pessoas interpretam esses pilares de formas diferentes, de acordo com sua cultura ou inclinação política. Pessoas mais progressistas, por exemplo, associam o pilar da reciprocidade ao conceito de igualdade: “todos merecem os mesmos direitos inatos”. Já os conservadores acham que o justo é a proporcionalidade: “você merece direitos de acordo com as suas ações e contribuições”. Além disso, sociedades dão diferentes pesos para os 5 pilares – mas eles sempre estão, de alguma forma, presentes toda vez que você reflete sobre a moral e a ética.

 

 

Fonte: Super Interessante

Foto:  Zakokor/iStock


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